Ao
ensinarmos gramática pensamos que para que o aluno domine a língua materna, ele
precisa aprender sobre a língua, incorporar um conjunto de itens lexicais, de
regras gramaticais, de estruturação de enunciados, de exceções. Cabe ao professor
este domínio, e não ao aluno. A este último deve ser apresentada uma gramática
contextualizada, dinâmica, que amplie suas habilidades para falar, escrever,
ler e ouvir textos úteis à sua vida social; promovendo assim um estudo
descontraído, objetivo e eficaz da gramática.
Para
que em sala de aula, o professor desenvolva um trabalho coerente com o objetivo
do estudo da língua, que nada mais é do que desenvolver a competência
comunicativa do aluno, é preciso trazer para o ambiente escolar tudo aquilo que
faz parte de sua vida social, como músicas, filmes, notícias de jornais, de
revistas, propagandas; trabalhando a gramática contextualizada, e assim,
descontraída, inserindo aos poucos a norma culta ao seu dia a dia, para que
quando necessário ele possa utilizá-la.
Para facilitar a aquisição da aprendizagem da
gramática é preciso primeiro conhecer nossa clientela e definir o tipo de aluno
que pretendemos “formar”, a partir daí elaborar um plano de ensino que vá ao
encontro das necessidades desse grupo.
Pensando na formação de um aluno ativo na
sociedade, que interage, que opina, que busca informação e que saiba utilizar a
variedade padrão quando exigida, a proposta é trabalhar a gramática reflexiva e
de uso.
Uma boa estratégia é trazer para dentro da sala
de aula textos presentes na vida social deles; assim podemos trabalhar a
gramática de forma descontraída e contextualizada. Para ensinar o modo
imperativo e o verbo na forma infinitiva, por exemplo, é possível trabalhar com
textos corriqueiros como anúncios publicitários, propagandas, receitas
culinárias, médicas, regras de jogos; esses além de exemplificarem bem o uso do
verbo dentro de um contexto conhecido pelo aluno, possibilita o professor
trabalhar com a tipologia textual e seus gêneros.
O trabalho com pronomes e conjunções, por
exemplo, pode ser feito de forma que leve o aluno à consciência da utilidade
desses na produção textual; utilizando frases soltas e pedindo que eles as
transformem num texto, concatenando as idéias, sem repetições de termos. Desta
forma eles estariam usando recursos de coesão importantes para competência
comunicativa.
A diversidade de dialetos e registros devem ser
também trabalhados em sala de aula, de forma que se entenda que há variedades
de nossa língua adequadas às mais diferentes situações de comunicação;
entendendo assim quando e por que utilizar a variedade padrão. O exercício a
ser aplicado com este propósito pode ser o de produção de textos específicos
para cada situação dada. Exemplo: Situação 1) Escreva um e-mail para um amigo
contando como foi suas férias. Situação 2) Deixe um recado para sua mãe dizendo
que você não vai almoçar em casa. 3) Escreva uma carta para seu professor
pedindo que ele mande por um colega o trabalho que você perdeu, justificando o
porquê de sua falta neste dia.
Enfim, o importante é focar na gramática
reflexiva e de uso. Claro que a gramática normativa não está totalmente
descartada, afinal, um pouco de regras não faz mal a ninguém.
Karen Schiller
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