sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Gramática



Ao ensinarmos gramática pensamos que para que o aluno domine a língua materna, ele precisa aprender sobre a língua, incorporar um conjunto de itens lexicais, de regras gramaticais, de estruturação de enunciados, de exceções. Cabe ao professor este domínio, e não ao aluno. A este último deve ser apresentada uma gramática contextualizada, dinâmica, que amplie suas habilidades para falar, escrever, ler e ouvir textos úteis à sua vida social; promovendo assim um estudo descontraído, objetivo e eficaz da gramática.
Para que em sala de aula, o professor desenvolva um trabalho coerente com o objetivo do estudo da língua, que nada mais é do que desenvolver a competência comunicativa do aluno, é preciso trazer para o ambiente escolar tudo aquilo que faz parte de sua vida social, como músicas, filmes, notícias de jornais, de revistas, propagandas; trabalhando a gramática contextualizada, e assim, descontraída, inserindo aos poucos a norma culta ao seu dia a dia, para que quando necessário ele possa utilizá-la.

Para facilitar a aquisição da aprendizagem da gramática é preciso primeiro conhecer nossa clientela e definir o tipo de aluno que pretendemos “formar”, a partir daí elaborar um plano de ensino que vá ao encontro das necessidades desse grupo.
Pensando na formação de um aluno ativo na sociedade, que interage, que opina, que busca informação e que saiba utilizar a variedade padrão quando exigida, a proposta é trabalhar a gramática reflexiva e de uso.
Uma boa estratégia é trazer para dentro da sala de aula textos presentes na vida social deles; assim podemos trabalhar a gramática de forma descontraída e contextualizada. Para ensinar o modo imperativo e o verbo na forma infinitiva, por exemplo, é possível trabalhar com textos corriqueiros como anúncios publicitários, propagandas, receitas culinárias, médicas, regras de jogos; esses além de exemplificarem bem o uso do verbo dentro de um contexto conhecido pelo aluno, possibilita o professor trabalhar com a tipologia textual e seus gêneros.
O trabalho com pronomes e conjunções, por exemplo, pode ser feito de forma que leve o aluno à consciência da utilidade desses na produção textual; utilizando frases soltas e pedindo que eles as transformem num texto, concatenando as idéias, sem repetições de termos. Desta forma eles estariam usando recursos de coesão importantes para competência comunicativa.
A diversidade de dialetos e registros devem ser também trabalhados em sala de aula, de forma que se entenda que há variedades de nossa língua adequadas às mais diferentes situações de comunicação; entendendo assim quando e por que utilizar a variedade padrão. O exercício a ser aplicado com este propósito pode ser o de produção de textos específicos para cada situação dada. Exemplo: Situação 1) Escreva um e-mail para um amigo contando como foi suas férias. Situação 2) Deixe um recado para sua mãe dizendo que você não vai almoçar em casa. 3) Escreva uma carta para seu professor pedindo que ele mande por um colega o trabalho que você perdeu, justificando o porquê de sua falta neste dia.
Enfim, o importante é focar na gramática reflexiva e de uso. Claro que a gramática normativa não está totalmente descartada, afinal, um pouco de regras não faz mal a ninguém.

                                                                                     Karen Schiller

Nenhum comentário:

Postar um comentário