Como deve ser o ensino de redação escolar, para que o aluno amplie sua
capacidade de escrever textos e sinta prazer nessa atividade?
Antes de mais nada, é preciso ressaltar
a palavra “ampliar”; ela define o tipo de olhar que o professor deve ter para
com o aluno ao trabalhar a produção textual. A consciência de que o discente é
um falante nativo da língua e produz textos diariamente para se comunicar é
fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Partindo dessa premissa, o
método e as técnicas utilizadas não só estarão adequadas como também serão
aceitas pelos alunos. Aceitar a diversidade lingüística e trabalhar a partir
dessa é essencial para que o aluno sinta-se valorizado e motivado a melhorar, a
“ampliar” sua competência lingüística, leitora e escritora. Cabe lembrar de que
o primeiro contato do aluno com a escrita é na escola e de que sua relação com
ela dependerá da experiência que tiver com ela.
Quanta responsabilidade! E o pior é que
não existe uma cartilha para o sucesso. Somente a experiência em sala de aula e
as tentativas, muitas vezes frustrantes, com atividades que exijam a escrita
dos alunos, é que podem ajudar o professor a encontrar o método mais eficaz de
ensino da produção textual.
Arrisco aqui, depois de uma experiência
de cinco anos em sala de aula, falar um pouco sobre o ensino da redação
escolar.
Como já foi dito, é importante valorizar a bagagem lingüística do aluno,
o que descarta a possibilidade de começar o trabalho com a produção escrita
apresentando aos alunos um texto com linguagem erudita; muito menos exigindo
que os mesmos produzam um texto usando essa linguagem. Outro detalhe importante
é trazer para ler e discutir em sala de aula textos atrativos, condizentes com
a realidade do aluno e que desperte o interesse dele pela leitura e mesmo para
a escrita.
Exigir a produção textual sem antes
apresentar o assunto e sem discutir o tema com os alunos fará com que o aluno
sinta-se incapaz, e isso pode prejudicar a sua trajetória como aluno de língua
portuguesa na escola. É importantíssimo tornar o assunto, a ser abordado na
redação, interessante. Escutar o ponto de vista do aluno, as reflexões que ele
supostamente fará após assistir atento a “performance” do professor - Sim! O
professor também é artista! Afinal, ele tem um público à espera de sua
apresentação - o tornará parte do processo ensino-aprendizagem e ele sentirá
orgulho disso.
Vale ressaltar que nem sempre a melhor
forma de ensinar a redação é pedindo que ele disserte sobre algo ou que narre
uma história. A elaboração de uma carta, de uma história em quadrinhos, de um
poema, de uma receita culinária ou até mesmo de uma piada, pode ser muito mais
divertida e eficaz.
Os exercícios com os recursos coesivos
é uma ótima pedida. Eles não só ajudam na concatenação das idéias, na unidade
textual, como também possibilitam ao aluno o contato com a norma culta de uma
maneira simples, objetiva e aceitável; já que é visível a importância da
gramática na produção de um bom texto. E eles gostam de aprender novas formas
de se dizer o que já se dizia. Aos poucos, esse trabalho com os mecanismos de
coesão, vai mostrando ao aluno a diferença entre a linguagem falada e a
escrita.
A leitura de um livro em sala de aula
junto com os alunos, capítulo por capítulo, durante uma semana que seja, e depois
propor uma discussão sobre o mesmo e uma redação livre sobre o que entendeu, o
que achou da história, da forma de escrever do autor, da apresentação das
personagens, do espaço, do enredo, é uma maneira descontraída de apresentar uma
estrutura narrativa ao aluno e fazer com que ele desperte seu senso crítico;
fundamental a todo leitor.
Afinal, atrair o aluno com bons textos
e com uma boa leitura desses, ainda é o ponto de partida para quem quer ter
sucesso no ensino da produção escrita.
Karen Schiller
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