sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Avaliação da disciplina de redação


Leia o texto abaixo, fragmento extraído de um vídeo exibido na Casa de Detenção de São Paulo, para ensinar aos detentos formas de prevenção contra a Aids:

            Aqui é bandido: Plínio Marcos. Atenção, malandrage! Eu num vô pedir nada, vô te dá um alô! Te liga aí: Aids é uma praga que rói até os mais fortes, e rói devagarinho. Deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pegá essa praga está ralado de verde e amarelo, de primeiro ao quinto, e sem vaselina. Num tem doto que dê jeito, nem reza brava, nem choro, nem vela, nem ai, Jesus. Pegou Aids, foi pro brejo! Agora sente o aroma da perpétua: Aids pega pelo esperma e pelo sangue, entendeu? Pelo esperma e pelo sangue! (Pausa)
            Eu num to te dando esse alô pra te assombrá, então se toca! Não é porque tu ta na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim! Mas é preciso que cada um se cuide, ninguém pode valê pra ninguém nesse negócio de Aids. Então, já viu: transá, só de acordo com o parceiro, e de camisinha! (Pausa)
            Agora, tu aí que é metido a esculachá os outros, metido a ganhá o companheiro na força bruta, na congesta! Pára com isso, tu vai acabá empesteado! Aids num toma conhecimento de macheza, pega pra lá, pega pra cá, pega em home, pega em bicha, pega em mulhé, pega em roçadeira! Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem sabê. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids! E num é isto que tu qué, né, vago mestre? Então te cuida. Sexo, só com camisinha. (Pausa)
            Quem descobre que pegô a doença se sente no prejuízo e quer ir à forra, passando pros outros. (Pausa) Sexo, só com camisinha! Num tem escolha, transá, só com camisinha.
            Quanto a tu, mais chegado ao pico, eu to sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, a seringa é o canal pra Aids. No desespero, tu não se toca, num vê, num qué nem sabê que, às vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue, e tu ,mete ela direto em ti. Às vezes, ela parece que vem limpona, e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas que diz que num pode agüenta a tranca sem pico, se cuida. Quem gosta de tu é tu mesmo. (Pausa) E a farinha que tu cheira, e a erva que tu barrufa enfraquece o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos. E aí tu fica moleza pro Aids! Mas o pico é o canal direto pra essa praga que está aí. Então, malandro, se cobre. Quem gosta de tu é tu mesmo. A saúde é como a liberdade. A gente dá valor pra ela quando já era!

TV Cultura, 1988. Em cena estava o ator Plínio Marcos.

            Esse texto, falado por Plínio Marcos, trata o problema da Aids de maneira realista, sem qualquer idealização. Pretende ele levar os presos a usar camisinha em todas as relações sexuais, a não ter relações sem consentimento do parceiro e a não usar droga injetável. Para isso, compara a saúde à liberdade. Faz isso porque a liberdade é o bem mais prezado por aqueles que dela estão privados. Trata-se de um texto argumentativo e persuasivo. Quais são os recursos de que se vale o enunciador para realizar a persuasão? Como faz isso? Pense nestas questões, escolha um outro público-alvo e logo após redija um texto argumentativo e persuasivo sobre o mesmo tema (Aids),  falando diretamente a este público.  

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