VANGUARDAS ARTÍSTICAS EUROPEIAS
FUTURISMO:
Como o próprio nome já diz, o Futurismo é a
vanguarda européia com temática futurista, como a exaltação da tecnologia, da
máquina, da indústria em geral. Esse movimento é responsável por mais de trinta
manifestos, com a primeira publicação em fevereiro de 1909, pelo autor Filippo
Tommaso Marinetti. Esse manifesto, seguindo a ideologia futurista, apresenta
temas que engrandece a vida moderna: o automóvel, a eletricidade, a velocidade,
a máquina. Veja nos trechos do “Manifesto do Futurismo” de Marinetti: “ Olhe-nos! Nós não estamos esfalfados...Nosso coração não tem a menor fadiga. Porque ele está nutrido pelo fogo., pelo ódio e pela velocidade!...Isso o espanta?”
“Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.”
Os manifestos traziam rompimento com a norma culta, com a gramática tradicional e apresentava versos livres e linguagem sem apego a normas. Um dos manifestos futuristas, “Manifesto Técnico da Literatura Futurista”, propôs a “destruição da sintaxe”, a depreciação do adjetivo, advérbio e da pontuação. Por outro lado, apoiou a idéia de que os substantivos deveriam vir no texto ao acaso, conforme surgissem nos pensamentos. As idéias futuristas chegaram ao Brasil através do escritor Oswald de Andrade em sua viagem à Europa. Contudo, Andrade teve contato com o Futurismo antes da adesão de Marinetti, principal divulgador dessa vanguarda, à ideologia fascista. Oswald é, portanto, o escritor responsável pela introdução do ideário futurista no Brasil, porém, com uma denotação mais suave do que o original europeu.
EXPRESSIONISMO: O Expressionismo surge em 1910, na
Alemanha, como um modo de contradizer a maneira da arte impressionista
expressar a realidade, a qual valorizava a pintura com traços e efeitos da luz
do sol sob a imagem e a valorização das cores obtidas através da exposição
solar.
Já a
pintura expressionista busca a manifestação do mundo interior através das
feições, é a materialização do sentimento do artista a respeito de algo
vivenciado, sem a preocupação em embelezar a imagem. As pinturas de Van Gogh foram precursoras
deste movimento de expressão nítida da visão do artista ao perceber uma
realidade. A exteriorização de sua reflexão refletida no seu modo peculiar do
uso das cores foi fonte de inspirações para os pintores expressionistas alemães
e austríacos, e até mesmo aos artistas do século XX, como Jackson Pollock. Outro artista precursor do Expressionismo
que deixou um marco através de sua obra “O grito” é Edvard Munch. Neste quadro
vemos a expressão de medo, de dor, de angústia em relação ao conturbado final
do século XIX em junção com sua própria vida. O declínio desta estética, mais
fundamentada na pintura, ocorre a partir de 1933 com a ascensão de Hitler na
Alemanha. Desde então, a arte passa a seguir a tendência da “arte pura” em
paralelo com a ideologia da busca da “raça pura” instituída por Hitler ao povo
germânico. A autora Anita Malfatti, em 1912, foi à Alemanha, onde
teve contato com o Expressionismo alemão, o qual influenciou as obras da
artista. Em 1917, após duas exposições, Anita gera diversos rebuliços na arte,
os quais culminam na mostra de arte moderna, a qual deu início ao movimento
modernista em 1922.
CUBISMO:
O Cubismo surge com o pintor francês Paul Cézanne que
introduziu em suas obras a distorção nas formas e os formatos bidimensionais.
Mas é em 1907, que o Cubismo é retratado com maior ênfase nas pinturas do
principal representante deste movimento: Pablo Picasso, ao lado de Georges
Braque. O quadro de Picasso intitulado
pelo autor de “Demoiselles d’Avignon” retrata e prenuncia as características
cubistas: formatos geométricos, sensação de pintura escultural e a superposição
de partes de um objeto sob um mesmo plano. A
pintura cubista destaca as formas geométricas como meio de expressão: cones,
cilindros, esferas, pirâmide, prismas. Os formatos embasados na matemática
geométrica possibilitam ao espectador a visualização espacial da imagem, ou
seja, o objeto pode ser visto por ângulos diferentes. A visão cubista tem a
função de ilustrar na arte a decomposição, fragmentação e recomposição da
realidade através das estruturas geométricas. Os artistas cubistas trazem uma
ruptura com a perspectiva de visualizar o mundo sob um só ângulo, uma só
perspectiva. Então, o usufruto de colagens, montagens, a superposição de
figuras, a simultaneidade são características marcantes dos cubistas. A
literatura no Cubismo também retratou a fragmentação e a geometrização da
realidade por meio da linguagem: as palavras são soltas e são dispostas no
papel a fim de conceber uma imagem. O
Cubismo surgiu nos meios literários com o manifesto-síntese de Guillaume
Apollinaire, em 1913. Apollinaire apoiava a destruição da sintaxe, assim como a
vanguarda anterior (Futurismo) era a favor da invenção de palavras e de seu uso
sem preocupações com normas, do verso livre e da abolição do lirismo (estrofe,
rima). No Brasil, o Cubismo exerceu influência na década de 20 com Oswald de
Andrade e na década de 60 com o Concretismo.
DADAÍSMO: O Dadaísmo é considerado a radicalização das três
vanguardas européias anteriores: o Futurismo, o Expressionismo e o Cubismo. Os artistas desse
período eram contra o capitalismo burguês e a guerra promovida com motivação
capitalista. A intenção desta vanguarda é destruir os valores burgueses e a
arte tradicional. A literatura tem como
características: a agressividade verbalizada, a desordem das palavras, a
incoerência, a banalização da rima, da lógica, do raciocínio. Faz uso do
nonsense, ou seja, da falta de sentido da linguagem, as palavras são dispostas
conforme surgem no pensamento, a fim de ridicularizar o tradicionalismo.
O
próprio nome “Dadaísmo” não tem significado nenhum, provavelmente tem o intuito
de remeter à linguagem da criança que ainda não fala.
Um dos
principais autores e também fundador do Dadaísmo é Tristan Tzara, o qual ensina o seguinte
a respeito do movimento:
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. A linguagem dadaísta pretende anular qualquer barreira quanto a significações, pois o importante nas palavras não é seu significado, e sim sua sonoridade. O som é intensificado com o grito, o urro contra o burguês e seu apego ao capital. No Brasil o Dadaísmo tem referência através do escritor Mário de Andrade em seu livro Paulicéia desvairada, no qual há um poema chamado “Ode ao burguês”. Já no prefácio do livro, o autor recomenda que só deveriam ler o referido poema os leitores que soubessem urrar. Veja um trecho do poema:
Ode ao burguês
“Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)”
Mário de Andrade
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. A linguagem dadaísta pretende anular qualquer barreira quanto a significações, pois o importante nas palavras não é seu significado, e sim sua sonoridade. O som é intensificado com o grito, o urro contra o burguês e seu apego ao capital. No Brasil o Dadaísmo tem referência através do escritor Mário de Andrade em seu livro Paulicéia desvairada, no qual há um poema chamado “Ode ao burguês”. Já no prefácio do livro, o autor recomenda que só deveriam ler o referido poema os leitores que soubessem urrar. Veja um trecho do poema:
Ode ao burguês
“Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)”
Mário de Andrade
SURREALISMO: O Surrealismo surgiu na França, após a
Primeira Guerra Mundial, em 1924, quando o Manifesto
do Surrealismo foi publicado por André Breton,
ex-integrante dos ideais do Dadaísmo. O manifesto trazia intrínseco concepções
freudianas, ligadas à psicanálise e ao subconsciente. O próprio Breton assim
denomina o Surrealismo:
"SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em estado puro mediante o qual se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral."
Alguns pintores também aderiram ao Surrealismo, como Salvador Dalí e René Magritte. De acordo com os artistas surrealistas, a arte deve fluir a partir do inconsciente, sem qualquer controle da razão, o pensamento deve acontecer e ser expressado livre de qualquer influência exterior ou lógica. Está presente nas obras surrealistas: a fantasia, o devaneio e a loucura. As obras literárias seguiam o procedimento de que as palavras deveriam ser escritas conforme viessem ao pensamento, sem seguir nenhuma estrutura coerente. Nas artes plásticas, o artista espanhol Salvador Dali foi quem mais externou o universo surrealista. São temas marcantes de sua obra: a sexualidade, a angústia, as frustrações, os traumas, a memória, o tempo, o sono, o sonho. O Surrealismo divide-se em comunistas e não comunistas quando André Breton adere aos ideais marxistas.
"SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em estado puro mediante o qual se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral."
Alguns pintores também aderiram ao Surrealismo, como Salvador Dalí e René Magritte. De acordo com os artistas surrealistas, a arte deve fluir a partir do inconsciente, sem qualquer controle da razão, o pensamento deve acontecer e ser expressado livre de qualquer influência exterior ou lógica. Está presente nas obras surrealistas: a fantasia, o devaneio e a loucura. As obras literárias seguiam o procedimento de que as palavras deveriam ser escritas conforme viessem ao pensamento, sem seguir nenhuma estrutura coerente. Nas artes plásticas, o artista espanhol Salvador Dali foi quem mais externou o universo surrealista. São temas marcantes de sua obra: a sexualidade, a angústia, as frustrações, os traumas, a memória, o tempo, o sono, o sonho. O Surrealismo divide-se em comunistas e não comunistas quando André Breton adere aos ideais marxistas.
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