sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Estudo da sintaxe


ESTUDO DA SINTAXE
SINTAXE é a parte da gramática que estabelece as relações de combinação (ordenação, dependência e concordância) entre as palavras.
A ANÁLISE SINTÁTICA tem por objetivo analisar as relações que se estabelecem entre as palavras de uma oração ou as relações entre as orações do período e classificá-las de acordo com tais relações.
FRASE é a unidade lingüística por meio da qual o falante se expressa (com ou sem verbo).
ORAÇÃO é uma frase ou parte dela que apresenta verbo.
PERÍODO é a frase constituída por oração ou orações. Pode ser:
Simples: uma única oração                           Composto: duas ou mais orações.

1.     TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
SUJEITO → É o elemento de que se declara alguma coisa. É com ele que o verbo estabelece concordância.
PREDICADO → É tudo que se declara do sujeito. Sempre contém o verbo da oração.

Exemplo de sujeito e predicado:
 “Junto com a globalização, vem o impacto das novas tecnologias. Máquinas substituem homens. Cada vez menos gente, por exemplo, trabalha nos bancos porque, como você vê pela rua, existem caixas eletrônicos.”
 Esse trecho é formado por 3 frases.
1ª frase: Junto com a globalização, vem o impacto das novas tecnologias.
2ª frase: Máquinas substituem homens.
3ª frase: Cada vez menos gente, por exemplo, trabalha nos bancos porque, como você vê pela rua, existem caixas eletrônicos.
Identifique quantas orações e que tipo de período existe nas frases:
Frase 1 = 1oração = período simples
Frase 2 – 1 oração = período simples
Frase 3 = 3 orações = período composto
Aponte o verbo de cada oração:
1ª oração = vem                /       2ª oração = substituem         /      3ª oração = trabalha     
4ª oração = existem         /        5ª oração =
Ache o sujeito de cada oração fazendo a pergunta “QUEM É QUE? ou QUE É QUE?” para o verbo da oração:
1ª oração: Que é que vem?   Sujeito = o impacto das novas tecnologias.
2ª oração: Que é que substitui?  Sujeito = máquinas
3ª oração: Quem é que trabalha?   Sujeito = menos gente
4ª oração: Que é que existe?   Sujeito = caixas eletrônicos
5ª oração: quem é que vê?    Sujeito = você
TIPOS DE SUJEITO
DETERMINADOS
SIMPLESpossui um só núcleo. Ex: Um pássaro triste piava.
COMPOSTOpossui mais de um núcleo.  Ex: O medo e a raiva o dominaram.
OCULTO (OU ELÍPTICO) → identificável pela terminação verbal ou pelo contexto.
Ex: Iremos a Bragança no domingo. (sujeito oculto: nós)
Ex: Eles lutaram e obtiveram sucesso. (sujeito oculto da 2ª oração: eles porque podemos identificar)
INDETERMINADO
Pode ocorrer de duas formas:
Verbo na 3ª pessoa do plural (ELES)
Ex: Me mandaram ficar aqui vigiando a fronteira pra vocês não invadirem minha pátria.
O sujeito de “mandaram” é Indeterminado (eles quem?). Já a forma “invadirem” é determinado (vocês).
Verbo na 3ª pessoa do singular + SE
Ex: Naquela época, não se discordava do governo. (quem é que discordava? – ele – ele quem?)
Ex: Na vida, erra-se muito; acerta-se às vezes. (quem é que erra?, quem é que acerta? – ele – ele quem?)

ATENÇÃO:  Quando o “se” é empregado para indeterminar o sujeito é chamado de “índice de indeterminação do sujeito” e a oração não admite a transformação para a voz passiva analítica (com locução verbal).
Ex 1:  Discordou-se do plano.  (do plano foi discordado) x
Sujeito: (se) = indeterminado
Não há flexão do verbo: Discordou-se dos planos.
Ex 2: Discutiu-se o plano.  (o plano foi discutido) v
Sujeito: (o plano) = determinado
Há flexão do verbo: Discutiram-se os planos.
No 2º exemplo o “se” leva o nome de “pronome apassivador”.
ORAÇÃO SEM SUJEITO OU SUJEITO INEXISTENTE
Uma oração é sem sujeito quando ela não possui nenhum elemento ao qual o predicado possa ser atribuído. O que importa nesse caso é a ação em si. Orações sem sujeito só ocorrem com alguns verbos, que por não admitir sujeito, apresentam-se na 3ª pessoa do singular e classificam-se como verbos impessoais. O verbo “ser” é o único que poderá vir flexionado no plural.
TABELA DE VERBOS IMPESSOAIS
VERBO IMPESSOAL
EMPREGO
EXEMPLO
HAVER
Como sinônimo de EXISTIR, indicando tempo PASSADO.
Não havia erros no texto.
Já houve guerras no Brasil.
Há dois meses, estive lá.
SER, ESTAR e FAZER
Indicando TEMPO ou FENÔMENOS METEOROLÓGICOS
Já faz anos que ele sumiu.
Está tarde.
Eram duas horas da manhã.
Está 30 graus.
São sete horas.
Faz horas que estou aqui.
CHOVER, VENTAR, AMANHECER, FAZER (frio ou calor)...
Indicando FENÔMENOS DA NATUREZA
Ventou muito ontem cedo.
Aqui, faz pouco frio.
Amanheceu antes do horário.

OBS: O verbo HAVER no sentido de EXISTIR é impessoal, mas o próprio verbo EXISTIR é pessoal, isto é, tem sujeito, com o qual concorda.
Ex: HAVIA muitas pessoas na festa. (ORAÇÃO SEM SUJEITO)
Ex: EXISTIAM muitas pessoas na festa. (ORAÇÃO COM SUJEITO)

TIPOS DE PREDICADO
PREDICADO NOMINALIndica estado. Só aceita como complemento o predicativo do sujeito.
VERBO DE LIGAÇÃO  +  PREDICATIVO DO SUJEITO
VERBO DE LIGAÇÃOÉ todo verbo que, por si mesmo, nada informa a respeito do sujeito; ele apenas liga o sujeito ao predicativo. São eles: ser, estar, ficar, andar, permanecer, continuar...
PREDICATIVO DO SUJEITOTermo que exprime uma característica (modo de ser ou estar) atribuída ao sujeito por intermédio de um verbo de ligação.
EX: A vitória    /    parecia-nos impossível. (parecia-nos = verbo de ligação / impossível = predicativo do sujeito)
       SUJEITO           PREDICADO NOMINAL
• OBS: O NÚCLEO DO PREDICADO NOMINAL SERÁ SEMPRE UM NOME.
PREDICADO VERBAL → Indica ação. Só aceita como complemento o objeto direto ou o objeto indireto.
                           VERBO TRANSITIVO DIRETO  +  OBJETO DIRETO
                           VERBO TRANSITIVO INDIRETO  +  OBJETO INDIRETO
     VERBO TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO  +  OBJETO DIRETO  +  OBJETO INDIRETO
                            VERBO INTRANSITIVO

Diferentemente dos verbos de ligação, os verbos significativos, que constituem o predicado verbal, expressam por si mesmos, uma informação e têm, portanto, um sentido próprio.
VERBO TRANSITIVO DIRETO → Transita diretamente pela oração até seu objeto. (sem preposição)
Ex: A chuva  /  inundou    /    várias ruas.     (faz-se as perguntas: O QUE?  Ou QUEM? Ao verbo)
                            V.T.D                   O.D
OBS: O Objeto direto pode, às vezes, ocorrer com preposição não exigida pelo verbo. Chamamos de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. Ex: O mocinho sacou do revólver. (sacou o que? o revólver)
VERBO TRANSITIVO INDIRETO→ Transita indiretamente pela oração até seu objeto. (com preposição)
Ex: Todos   /    concordam   /     com o novo projeto.
                             V.T.I                          O.I
VERBO TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO→ Apresenta dois complementos, um com e outro sem preposição.
Ex: O clube    /     enviou    /    um comunicado    /     a todos os associados.
                               V.T.D.I                 O.D                                    O.I      
VERBO INTRANSITIVO→ É aquele que não transita. Não precisa de complemento.
Ex:  À noite, o cachorro   /    latiu.
                                                   V.I   
• OBS: O NÚCLEO DO PREDICADO VERBAL SERÁ SEMPRE UM VERBO.
PREDICADO VERBO – NOMINAL → Indica uma ação e um estado. Aceita todos os complementos.
VERBO TRANSITIVO DIRETO  +  OBJETO DIRETO  + 
PREDICATIVO DO SUJEITO (P.S)
OU
PREDICATIVO DO OBJETO (P.O)
VERBO TRANSITIVO INDIRETO  +  OBJETO INDIRETO  +
VERBO INTRANSITIVO  + 
VERBO TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO  +  O.D  +  O.I  +
Ex: Ele    /   voltou    /   para a cidade    /    nervoso.                    Ex:  Achei      /   a aula     /    interessante.
                      V.I                                                   P.S                                     V.T.D           O.D                   P.O
Ex: Preciso     /    de uma amiga .                                              Ex: Eu   /  considero  /   absurda  /   sua proposta.
        V.T.I                     O.I                                                                                    V.T.D             P.O                    O.D
• OBS: O NÚCLEO DO PREDICADO VERBO-NOMINAL SERÁ SEMPRE UM VERBO E UM NOME.
ATENÇÃO:    OBJETOS DIRETOS E INDIRETOS NUNCA SERÃO NÚCLEOS DO PREDICADO.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Identifique o sujeito e seu núcleo, o predicado, seu núcleo e sua predicação:
A)     Os animais obedecem a seus instintos.

B)     Acredita-se em Deus.

C)     O homem deu esmola ao pobre.

D)     As crianças brincavam alegres.

E)      A mãe e a filha saíram nervosas.

F)      Oferecemos uma oportunidade ao seu filho.

G)     Deixaram-no irritado.

H)     Ouvi um barulho esquisito.

ATENÇÃO:  A diferença entre o PREDICATIVO DO OBJETO (termo integrante) e o ADJUNTO ADNOMINAL (termo acessório) é a substituição ou não do complemento por um pronome correspondente.
Ex: A professora considerou nula a questão.   → A professora a considerou. ??? A característica NULA é essencial ao entendimento, portanto NULA é predicativo do objeto.
Ex: A professora corrigiu a questão nula. → A professora a corrigiu.  A frase tem sentido completo, portanto NULA  é  adjunto adnominal.   
2.     TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Certos verbos ou nomes presentes numa oração não possuem sentido completo em si mesmos. Sua significação só se completa com a presença de outros termos, chamados integrantes. São eles:
complementos verbais (objeto direto e objeto indireto); complemento nominal;  agente da passiva.
Complementos Verbais
Completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos. São eles:
Objeto Direto
É o termo que completa o sentido do verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da preposição.
Por Exemplo:   Abri
os braços
ao vê-lo.

Objeto Direto

O objeto direto pode ser constituído:
a) Por um substantivo ou expressão substantivada.
Exemplos: O agricultor cultiva a terra./ Unimos o útil ao agradável.
b)  Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.
Exemplos: Espero-o na minha festa. / Ela me ama.
c)  Por qualquer pronome substantivo.
Exemplos:  Não veio ninguém à aula hoje. / O menino que conheci está la fora. / Onde você leu isso?
Atenção:
Em alguns casos, o objeto direto pode vir acompanhado de preposição facultativa. Isso pode ocorrer:
- quando o objeto é um substantivo próprio: Adoremos a Deus.
- quando o objeto é representado por um pronome pessoal oblíquo tônico: Ofenderam a mim, não a ele.
- quando o objeto é representado por um pronome substantivo indefinido: O diretor elogiou a todos.
- para evitar ambiguidade: Venceu ao inimigo o nosso colega.
Obs.: caso o objeto direto não viesse preposicionado, o sentido da oração ficaria ambíguo, pois não poderíamos apontar com precisão o sujeito (o nosso colega).
Saiba que: Frequentemente,  verbos intransitivos, podem aparecer como verbos transitivos diretos.
Por Exemplo:  A criança chorou lágrimas doídas pela perda da mãe.
                                    Objeto Direto
Objeto Indireto
É o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto. Vem sempre regido de preposição clara ou subentendida. Atuam como objeto indireto os pronomes: lhe, lhes, me te, se, nos, vos.
Exemplos: Não desobedeço
a meus pais.

Objeto Indireto
Enviei-lhe
um recado.
(Enviei a ele - a preposição a está subentendida)
    Objeto Indireto







Obs.:  muitas vezes o objeto indireto inicia-se com crase (à, àquele, àquela, àquilo). Isso ocorre quando o verbo exige a preposição "a", que acaba se contraindo com a palavra seguinte.
Por Exemplo: Entregaram à mãe o presente. (à = "a" preposição + "a" artigo definido)
Observações Gerais:
a) Pode ocorrer ainda o (objeto direto ou indireto) pleonástico, que consiste na retomada do objeto por um pronome pessoal, geralmente com a intenção de colocá-lo em destaque.
Por Exemplo:
As mulheres, eu as vi na cozinha. (Objeto Direto)
A todas vocês, eu já lhes forneci o pagamento mensal. (Objeto Indireto)
b) Os pronomes oblíquos o, a, os, as (e as variantes lo, la, los, las, no, na, nos, nas) são sempre objeto direto. Os pronomes lhe, lhes são sempre objeto indireto.
  Exemplos:       Eu a encontrei no quarto. (OD)
                            Vou avisá-lo.(OD)
                            Eu lhe pagarei um sorvete.(OI)
c) Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou indireto. Para determinar sua função sintática, podemos substituir esses pronomes por um substantivo: se o uso da preposição for obrigatório, então se trata de um objeto indireto; caso contrário, de objeto direto.
Por Exemplo:  Roberto me viu na escola.(OD)
Substituindo-se "me" por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se: "Roberto viu o amigo na escola." Veja que a preposição não foi usada. Portanto, "me" é objeto direto.
Observe o próximo exemplo:  João me telefonou.(OI)
Substituindo-se "me" por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se: "João telefonou ao amigo".  Complemento Nominal
   É o termo que completa o sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substantivos, adjetivos ou advérbios, sempre através de preposição.
Exemplos:
Cecília tem        orgulho                da filha.
                        substantivo          complemento nominal
Ricardo estava   consciente        de tudo.
                               adjetivo       complemento nominal
A professora agiu       favoravelmente      aos alunos.
                                             advérbio        complemento nominal
Saiba que:   O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em -mente.
Agente da Passiva
   É o termo da frase que pratica a ação expressa pelo verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem regido comumente da preposição "por" e eventualmente da preposição "de".
Por Exemplo:
  A vencedora           foi escolhida               pelos jurados.
      Sujeito                      Verbo                          Agente da
      Paciente                 Voz Passiva                     Passiva
Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o agente da passiva recebe o nome de sujeito. Veja:
Os jurados             escolheram                a vencedora.
   Sujeito                      Verbo                        Objeto Direto
                                    Voz Ativa
Outros exemplos:
     Joana                é amada           de muitos.
Sujeito   Paciente                                   Agente da   Passiva

   Essa situação        já era conhecida         de todos.
Sujeito  Paciente                                     Agente da  Passiva
                                            
Observações:
a) O agente da passiva pode ser expresso por substantivos ou pronomes.
Por Exemplo: O solo foi umedecido pela chuva. (substantivo)
Este livro foi escrito por mim. (pronome)
b) Embora o agente da passiva seja considerado um termo integrante, pode muitas vezes ser omitido.
Por Exemplo: O público não foi bem recebido. (pelos anfitriões)
o foi usada. Portanto, "me" é objeto indireto.
3.     TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Sobre os Termos Acessórios
Existem termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para a compreensão do enunciado. Ao acrescentar informações novas, esses  termos:
- caracterizam o ser;
- determinam os substantivos;
- exprimem circunstância.
São termos acessórios da oração: o adjunto adverbial, o adjunto adnominal e o aposto.
Vamos observar o exemplo:
Anoiteceu.
No exemplo acima, temos uma oração de predicado verbal formado por um verbo impessoal. Trata-se de uma oração sem sujeito. O verbo anoiteceu é suficiente para transmitir a mensagem enunciada. Poderíamos, no entanto, ampliar a gama de informações contidas nessa frase:
Por Exemplo: Suavemente anoiteceu na cidade.
A ideia central continua contida no verbo da oração. Temos, agora, duas noções acessórias, circunstanciais, ligadas ao processo verbal: o modo como anoiteceu (suavemente) e o lugar onde anoiteceu (na cidade). A esses termos acessórios que indicam circunstâncias relativas ao processo verbal damos o nome de adjuntos adverbiais.
Agora, observe o que ocorre ao expandirmos um pouco mais a oração acima:
Por Exemplo:  Suavemente anoiteceu na deserta cidade do planalto.
Surgiram termos que ser referem ao substantivo cidade, caracterizando-o, delimitando-lhe o sentido. Trata-se de termos acessórios que se ligam a um nome, determinando-lhe o sentido. São chamados adjuntos adnominais.
Por último, analise a frase abaixo:
Fernando Pessoa era português.
Nessa oração, o sujeito é determinado e simples: Fernando Pessoa. Há ainda um predicativo do sujeito (português) relacionado ao sujeito pelo verbo de ligação (era). Trata-se, pois, de uma oração com predicado nominal. Note que a frase é capaz de comunicar eficientemente uma informação. Nada nos impede, no entanto, de enriquecer mais um pouco o conteúdo informativo. Veja:
Fernando Pessoa, o criador de poetas, era português.
Agora, além do núcleo do sujeito (Fernando Pessoa) há um termo que explica, que enfatiza esse núcleo: o criador de poetas. Esse termo é chamado de aposto.
Adjunto Adverbial
É o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.). O adjunto adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio. Observe as frases abaixo:
Eles se respeitam muito.
Seu projeto é muito interessante.
O time jogou muito mal.
Nessas três orações, muito é adjunto adverbial de intensidade. No primeiro caso, intensifica a forma verbal respeitam, que é núcleo do predicado verbal. No segundo, intensifica o adjetivo interessante, que é o núcleo do predicativo do sujeito. Na terceira oração, muito intensifica o advérbio mal, que é o núcleo do adjunto adverbial de modo.
Veja o exemplo abaixo: Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
Os termos em destaque estão indicando as seguintes circunstâncias:
amanhã indica tempo; de bicicleta indica meio; àquela velha praça indica lugar.
  Sabendo que a classificação do adjunto adverbial se relaciona com a circunstância por ele expressa, os termos acima podem ser classificados, respectivamente em: adjunto adverbial de tempo, adjunto adverbial de meio e adjunto adverbial de lugar.
O adjunto adverbial pode ser expresso por:
1) Advérbio: O balão caiu longe.
2) Locução Adverbial: O balão caiu no mar.
3) Oração: Se o balão pegar fogo, avisem-me.
Observação:  nem sempre é possível apontar com precisão a circunstância expressa por um adjunto adverbial. Em alguns casos, as diferentes possibilidades de interpretação dão origem a orações sugestivas.
Por Exemplo: Entreguei-me calorosamente àquela causa.
   É difícil precisar se calorosamente é um adjunto adverbial de modo ou de intensidade. Na verdade, parece ser uma fórmula de expressar ao mesmo tempo as duas circunstâncias. Por isso, é fundamental levar em conta o contexto em que surgem os adjuntos adverbiais.
Classificação do Adjunto Adverbial
Listamos abaixo algumas circunstâncias que o adjunto adverbial pode exprimir. Não deixe de observar os exemplos.
Acréscimo
Por Exemplo: Além da tristeza, sentia profundo cansaço.
Afirmação
Por Exemplo: Sim, realmente irei partir.   /     Ele irá com certeza.
Assunto
Por Exemplo: Falávamos sobre futebol. (ou de futebol, ou a respeito de futebol).
Causa
Por Exemplo: Com o calor, o poço secou.   /   Não comentamos nada por discrição.
Companhia
Por Exemplo: Fui ao cinema com sua prima.   /   Com quem você saiu?  /  Sempre contigo irei estar.
Concessão
Por Exemplo: Apesar do estado precário do gramado, o jogo foi ótimo.
Condição
Por Exemplo: Sem minha autorização, você não irá.  /   Sem erros, não há acertos.
Conformidade
Por Exemplo:  Fez tudo conforme o combinado. (ou segundo o combinado)
Dúvida
Por Exemplo:   Porventura, encontrariam a solução da crise?   /   Quiçá acertemos desta vez.
Fim, finalidade
Por Exemplo:   Ela vive para o amor.  /  Daniel estudou para o exame.  /  Trabalho para o meu sustento.
Frequência
Por Exemplo:  Sempre aparecia por lá.  /  Havia reuniões todos os dias.
Instrumento
Por Exemplo:  Rodrigo fez o corte com a faca.  /  O artista criava seus desenhos a lápis.
Intensidade
Por Exemplo:  A atleta corria bastante.   /  O remédio é muito caro.
Limite
Por Exemplo:  A menina andava correndo do quarto à sala.
Lugar
Por Exemplo:  Nasci em Porto Alegre.  /  Estou em casa.  /  Vive nas montanhas.
"Há, em cada canto de minh’alma, um altar a um Deus diferente." (Álvaro de Campos)
Matéria
Por Exemplo:  Compunha-se de substâncias estranhas.  /  Era feito de aço.
Meio
Por Exemplo:  Fui de avião.   /  Viajei de trem.   /  Enriqueceram mediante fraude.
Modo
Por Exemplo:  Foram recrutados a dedo.  /  Fiquem à vontade.
Negação
Por Exemplo:  Não há erros em seu trabalho.  /  Não aceitarei a proposta em hipótese alguma.
Preço
Por Exemplo:  As casas estão sendo vendidas a preços muito altos.
Substituição ou troca
Por Exemplo:  Abandonou suas convicções por privilégios econômicos.
Tempo
Por Exemplo: O escritório permanece aberto das 8h às 18h.
Beto e Mara se casarão em junho.
Ontem à tarde
encontrou um velho amigo.



Adjunto Adnominal
É o termo que determina, especifica ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função adjetiva na oração, a qual pode ser desempenhada por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos e numerais adjetivos. Veja o exemplo a seguir:
O poeta inovador
enviou
dois longos trabalhos
ao seu amigo de infância.
Sujeito
Núcleo do Predicado Verbal
Objeto Direto
Objeto Indireto
Na oração acima, os substantivos poeta, trabalhos e amigo são núcleos, respectivamente, do sujeito determinado simples, do objeto direto e do objeto indireto. Ao redor de cada um desses substantivos agrupam-se os adjuntos adnominais:
o artigo" o" e o adjetivo inovador referem-se a poeta;
o numeral dois e o adjetivo longos referem-se ao substantivo trabalhos;
o artigo" o" (em ao), o pronome adjetivo seu e a locução adjetiva de infância são adjuntos adnominais de amigo.
Observe como os adjuntos adnominais se prendem diretamente ao substantivo a que se referem, sem qualquer participação do verbo. Isso é facilmente notável quando substituímos um substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais que estão ao redor do substantivo têm de acompanhá-lo nessa substituição.
Por Exemplo:  O notável poeta português deixou uma obra originalíssima.
Ao substituirmos poeta pelo pronome ele, obteremos:
Ele deixou uma obra originalíssima.
As palavras "o", notável e português tiveram de acompanhar o substantivo poeta, por se tratar de adjuntos adnominais. O mesmo aconteceria se substituíssemos o substantivo obra pelo pronome a. Veja:
O notável poeta português deixou-a.
Saiba que:  A percepção de que o adjunto adnominal é sempre parte de um outro termo sintático que tem como núcleo um substantivo é importante para diferenciá-lo do predicativo do objeto. O predicativo do objeto é um termo que se liga ao objeto por intermédio de um verbo. Portanto, se substituirmos o núcleo do objeto por um pronome, o predicativo permanecerá na oração, pois é um termo que se refere ao objeto, mas não faz parte dele. Observe:  Sua atitude deixou os amigos perplexos.
Nessa oração, perplexos é predicativo do objeto direto (seus amigos). Se substituíssemos esse objeto direto por um pronome pessoal, obteríamos:  Sua atitude deixou-os perplexos.
Note que perplexos se refere ao objeto, mas não faz parte dele.
 Distinção entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal
É comum confundir o adjunto adnominal na forma de locução adjetiva com complemento nominal. Para evitar que isso ocorra, considere o seguinte:
a) Somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios. Assim, fica claro que o termo ligado por preposição a um adjetivo ou a um advérbio só pode ser complemento nominal. Quando não houver preposição ligando os termos, será um adjunto adnominal.
b)  O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se relaciona a substantivos cujos significados transitam. Portanto, seu valor é passivo, é sobre ele que recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre valor ativo. Observe os exemplos:
Exemplo 1 : Camila tem muito amor à mãe.
A expressão "à mãe" classifica-se como complemento nominal, pois mãe é paciente de amar, recebe a ação de amar.
Exemplo 2 : Vera é um amor de mãe.
A expressão "de mãe" classifica-se como adjunto adnominal, pois mãe é agente de amar, pratica a ação de amar.
Aposto
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.
Por Exemplo:
Ontem, Segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo a que se relaciona porque poderia substituí-lo. Veja:
Segunda-feira passei o dia com dor de cabeça.
Obs.: após a eliminação de ontem, o substantivo Segunda-feira assume a função de  adjunto adverbial de tempo.
Veja outro exemplo: Aprecio
todos os tipos de música:
MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto
Aposto do Objeto Direto
Se retirarmos o objeto da oração, seu aposto passa a exercer essa função:
Aprecio
MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto
Obs.: o termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática (inclusive a de aposto).
Por Exemplo: Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada.
Analisando a oração, temos:
pai de Marina = aposto do objeto direto patrão.
menina levada = aposto de Marina.
 Classificação do Aposto
De acordo com a relação que estabelece com o termo a que se refere, o aposto pode ser classificado em:
a) Explicativo:
A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, adquiriu grande destaque no mundo atual.
b) Enumerativo:
A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho, ação.
c) Resumidor ou Recapitulativo:
Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na base de um país melhor.
d) Comparativo:
Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
e) Distributivo:
Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, aquele na poesia e este na prosa.
f) Aposto de Oração:
Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.
Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de pontuação (vírgula ou dois-pontos). O aposto especificativo individualiza um substantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente ou por meio de uma preposição, sem que haja pausa na entonação da frase:
Por Exemplo:
O poeta Manuel Bandeira criou obra de expressão simples e temática profunda.
A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
Atenção: Para não confundir o aposto de especificação com adjunto adnominal, observe a seguinte frase:
A obra de Camões é símbolo da cultura portuguesa.
Nessa oração, o termo em destaque tem a função de adjetivo: a obra camoniana. É, portanto, um adjunto adnominal.
 Observações:
1) Os apostos, em geral, detacam-se por pausas, indicadas na escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pausa, não haverá vírgulas.
Por Exemplo: Acabo de ler o romance A moreninha.
2) Às vezes, o aposto pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a saber, isto é, por exemplo, etc.
Por Exemplo:  Alguns alunos, a saber, Marcos, Rafael e Bianca não entraram na sala de aula após o recreio.
3) O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere.
Por Exemplo: Código universal, a música não tem fronteiras.
4) O aposto que se refere ao objeto indireto, complemento nominal ou adjunto adverbial pode aparecer precedido de preposição.
Por Exemplo: Estava  deslumbrada com  tudo: com a aprovação, com o ingresso na universidade, com as  felicitações.
Vocativo
Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.  Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:
Não fale tão alto, Rita!
                             Vocativo
Senhor presidente, queremos nossos direitos!
  Vocativo
A vida, minha amada, é feita de escolhas.
              Vocativo
Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra.
Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.
Por Exemplo:  Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões.
Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!
Eh! Gente, temos que estudar mais.
 Distinção entre Vocativo e Aposto
- O vocativo não mantém relação sintática com outro termo da oração.
Por Exemplo:  Crianças, vamos entrar.
                           Vocativo
 O aposto mantém relação sintática com outro termo da oração.
Por Exemplo:  A vida de Moisés, grande profeta, foi filmada.
                                        Sujeito             Aposto


Nenhum comentário:

Postar um comentário