ESTUDO DA SINTAXE
SINTAXE é a parte da
gramática que estabelece as relações de combinação (ordenação, dependência e
concordância) entre as palavras.
A
ANÁLISE SINTÁTICA tem por objetivo analisar as relações que se estabelecem
entre as palavras de uma oração ou as relações entre as orações do período e
classificá-las de acordo com tais relações.
FRASE é a unidade
lingüística por meio da qual o falante se expressa (com ou sem verbo).
ORAÇÃO é uma frase ou
parte dela que apresenta verbo.
PERÍODO é a frase
constituída por oração ou orações. Pode ser:
Simples: uma única oração Composto: duas ou mais orações.
1. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
SUJEITO
→
É o elemento de que se declara alguma coisa. É com ele que o verbo estabelece
concordância.
PREDICADO → É tudo que se
declara do sujeito. Sempre contém o verbo da oração.
Exemplo de
sujeito e predicado:
“Junto com a globalização, vem o impacto das
novas tecnologias. Máquinas substituem homens. Cada vez menos gente, por
exemplo, trabalha nos bancos porque, como você vê pela rua, existem caixas
eletrônicos.”
Esse trecho é formado por 3 frases.
1ª frase: Junto com a globalização, vem o impacto das
novas tecnologias.
2ª frase: Máquinas substituem homens.
3ª frase: Cada vez menos gente, por exemplo, trabalha nos
bancos porque, como você vê pela rua, existem caixas eletrônicos.
Identifique
quantas orações e que tipo de período existe nas frases:
Frase 1 = 1oração = período simples
Frase 2 – 1 oração = período simples
Frase 3 = 3 orações = período composto
Aponte o verbo
de cada oração:
1ª oração = vem
/
2ª oração = substituem /
3ª oração = trabalha
4ª oração = existem /
5ª oração = vê
Ache o sujeito
de cada oração fazendo a pergunta “QUEM É QUE? ou QUE É QUE?” para o verbo da
oração:
1ª oração: Que é que vem? Sujeito = o impacto das novas tecnologias.
2ª oração: Que é que substitui? Sujeito = máquinas
3ª oração: Quem é que trabalha? Sujeito = menos gente
4ª oração: Que é que existe? Sujeito = caixas eletrônicos
5ª oração: quem é que vê? Sujeito = você
TIPOS DE SUJEITO
DETERMINADOS
SIMPLES→
possui
um só núcleo. Ex: Um pássaro
triste piava.
COMPOSTO
→ possui
mais de um núcleo. Ex: O medo e a raiva o
dominaram.
OCULTO
(OU ELÍPTICO) → identificável pela terminação verbal ou pelo contexto.
Ex: Iremos a Bragança no domingo. (sujeito oculto: nós)
Ex: Eles lutaram e obtiveram sucesso. (sujeito oculto da 2ª
oração: eles porque podemos
identificar)
INDETERMINADO
Pode ocorrer de duas formas:
Verbo na 3ª pessoa do plural (ELES)
Ex: Me mandaram ficar aqui vigiando a fronteira pra vocês
não invadirem minha pátria.
O sujeito de “mandaram” é Indeterminado (eles quem?). Já a forma “invadirem” é determinado
(vocês).
Verbo na 3ª pessoa do singular + SE
Ex: Naquela época, não se
discordava do governo. (quem é que discordava? – ele – ele quem?)
Ex: Na vida, erra-se
muito; acerta-se às vezes. (quem é
que erra?, quem é que acerta? – ele – ele quem?)
ATENÇÃO: Quando o “se” é empregado para indeterminar o
sujeito é chamado de “índice de indeterminação do sujeito” e a oração não
admite a transformação para a voz passiva analítica (com locução verbal).
Ex 1: Discordou-se do plano. (do plano foi discordado) x
Sujeito: (se) = indeterminado
Não há flexão do verbo: Discordou-se dos planos.
Ex 2: Discutiu-se o
plano. (o plano foi discutido) v
Sujeito: (o plano) = determinado
Há flexão do verbo: Discutiram-se os planos.
No 2º exemplo o “se” leva o nome de “pronome apassivador”.
ORAÇÃO SEM SUJEITO OU SUJEITO INEXISTENTE
Uma oração é sem sujeito quando ela não possui nenhum
elemento ao qual o predicado possa ser atribuído. O que importa nesse caso é a
ação em si. Orações sem sujeito só ocorrem com alguns verbos, que por não
admitir sujeito, apresentam-se na 3ª pessoa do singular
e classificam-se como verbos impessoais. O verbo
“ser” é o único que poderá vir flexionado no plural.
TABELA DE VERBOS IMPESSOAIS
VERBO IMPESSOAL
|
EMPREGO
|
EXEMPLO
|
HAVER
|
Como sinônimo de EXISTIR, indicando
tempo PASSADO.
|
Não havia erros no texto.
Já houve guerras no Brasil.
Há dois meses, estive lá.
|
SER, ESTAR e FAZER
|
Indicando TEMPO ou FENÔMENOS
METEOROLÓGICOS
|
Já faz anos que ele sumiu.
Está tarde.
Eram duas horas da manhã.
Está 30 graus.
São sete horas.
Faz horas que estou aqui.
|
CHOVER, VENTAR, AMANHECER, FAZER
(frio ou calor)...
|
Indicando FENÔMENOS DA NATUREZA
|
Ventou muito ontem cedo.
Aqui, faz pouco frio.
Amanheceu antes do horário.
|
OBS: O verbo HAVER no sentido de
EXISTIR é impessoal, mas o próprio verbo EXISTIR é pessoal, isto é, tem
sujeito, com o qual concorda.
Ex: HAVIA muitas pessoas na festa. (ORAÇÃO SEM SUJEITO)
Ex: EXISTIAM muitas pessoas na festa. (ORAÇÃO COM SUJEITO)
TIPOS DE PREDICADO
PREDICADO
NOMINAL → Indica estado. Só aceita como complemento o predicativo do
sujeito.
VERBO DE LIGAÇÃO +
PREDICATIVO DO SUJEITO
|
VERBO DE
LIGAÇÃO → É todo verbo que, por si mesmo, nada
informa a respeito do sujeito; ele apenas liga o sujeito ao predicativo. São
eles: ser, estar, ficar, andar, permanecer, continuar...
PREDICATIVO DO
SUJEITO → Termo que exprime uma característica
(modo de ser ou estar) atribuída ao sujeito por intermédio de um verbo de
ligação.
EX: A vitória
/ parecia-nos impossível. (parecia-nos
= verbo de ligação / impossível = predicativo do sujeito)
SUJEITO PREDICADO NOMINAL
• OBS: O NÚCLEO
DO PREDICADO NOMINAL SERÁ SEMPRE UM NOME.
PREDICADO
VERBAL → Indica
ação. Só aceita como complemento o objeto direto ou o objeto indireto.
VERBO TRANSITIVO
DIRETO + OBJETO DIRETO
|
VERBO TRANSITIVO
INDIRETO + OBJETO INDIRETO
|
VERBO TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO +
OBJETO DIRETO + OBJETO INDIRETO
|
VERBO
INTRANSITIVO
|
Diferentemente dos verbos de ligação, os verbos
significativos, que constituem o predicado verbal, expressam por si mesmos, uma
informação e têm, portanto, um sentido próprio.
VERBO
TRANSITIVO DIRETO → Transita diretamente pela oração até seu objeto. (sem
preposição)
Ex: A chuva / inundou / várias
ruas. (faz-se as perguntas: O
QUE? Ou QUEM? Ao verbo)
V.T.D O.D
OBS: O Objeto direto pode, às vezes, ocorrer com preposição
não exigida pelo verbo. Chamamos de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. Ex: O mocinho
sacou do revólver. (sacou o que? o
revólver)
VERBO
TRANSITIVO INDIRETO→ Transita indiretamente pela oração até seu objeto. (com
preposição)
Ex: Todos / concordam / com o novo projeto.
V.T.I O.I
VERBO
TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO→ Apresenta dois complementos, um com e
outro sem preposição.
Ex: O clube / enviou / um
comunicado / a
todos os associados.
V.T.D.I O.D O.I
VERBO
INTRANSITIVO→
É aquele que não transita. Não precisa de complemento.
Ex: À noite, o
cachorro / latiu.
V.I
• OBS: O NÚCLEO
DO PREDICADO VERBAL SERÁ SEMPRE UM VERBO.
PREDICADO
VERBO – NOMINAL → Indica uma ação e um estado. Aceita todos os complementos.
VERBO TRANSITIVO DIRETO +
OBJETO DIRETO +
|
PREDICATIVO
DO SUJEITO (P.S)
OU
PREDICATIVO
DO OBJETO (P.O)
|
VERBO TRANSITIVO
INDIRETO + OBJETO INDIRETO +
|
|
VERBO INTRANSITIVO +
|
|
VERBO TRANSITIVO DIRETO
E INDIRETO + O.D
+ O.I +
|
Ex: Ele / voltou
/ para a cidade /
nervoso.
Ex: Achei /
a aula / interessante.
V.I P.S V.T.D O.D P.O
Ex: Preciso / de uma amiga . Ex: Eu
/ considero /
absurda / sua proposta.
V.T.I O.I V.T.D P.O O.D
• OBS: O NÚCLEO
DO PREDICADO VERBO-NOMINAL SERÁ SEMPRE UM VERBO E UM NOME.
ATENÇÃO: OBJETOS DIRETOS E INDIRETOS NUNCA SERÃO
NÚCLEOS DO PREDICADO.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Identifique o sujeito e seu núcleo, o predicado, seu núcleo
e sua predicação:
A)
Os animais obedecem a seus instintos.
B)
Acredita-se em Deus.
C)
O homem deu esmola ao pobre.
D)
As crianças brincavam alegres.
E)
A mãe e a filha saíram nervosas.
F)
Oferecemos uma oportunidade ao seu filho.
G)
Deixaram-no irritado.
H)
Ouvi um barulho esquisito.
ATENÇÃO: A
diferença entre o PREDICATIVO DO OBJETO (termo integrante) e o ADJUNTO
ADNOMINAL (termo acessório) é a substituição ou não do complemento por um
pronome correspondente.
Ex: A professora considerou nula a questão. → A professora a considerou. ??? A característica NULA
é essencial ao entendimento, portanto NULA é predicativo do objeto.
Ex: A professora corrigiu a
questão nula. → A professora a corrigiu. A frase tem sentido completo, portanto
NULA é
adjunto adnominal.
2. TERMOS
INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Certos verbos ou nomes presentes numa
oração não possuem sentido completo em si mesmos. Sua significação só se
completa com a presença de outros termos, chamados integrantes. São
eles:
complementos verbais (objeto direto e objeto indireto); complemento
nominal; agente da passiva.
Complementos
Verbais
Completam o sentido de verbos
transitivos diretos e transitivos indiretos. São eles:
Objeto Direto
É o termo que completa o sentido do
verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da
preposição.
Por Exemplo: Abri
|
os braços
|
ao vê-lo.
|
Objeto Direto
|
O objeto direto pode ser constituído:
a) Por
um substantivo ou expressão substantivada.
Exemplos: O agricultor cultiva a terra./ Unimos o útil
ao agradável.
b)
Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.
Exemplos: Espero-o na minha festa. / Ela me ama.
c) Por qualquer pronome substantivo.
Exemplos: Não veio ninguém
à aula hoje. / O menino que conheci está la fora. / Onde você leu isso?
Atenção:
Em alguns casos, o objeto direto pode
vir acompanhado de preposição facultativa. Isso pode ocorrer:
- quando o objeto é um substantivo próprio: Adoremos a
Deus.
- quando o objeto é representado por um pronome pessoal
oblíquo tônico: Ofenderam a mim, não a ele.
- quando o objeto é representado por um pronome substantivo
indefinido: O diretor elogiou a todos.
- para evitar ambiguidade: Venceu ao inimigo o nosso
colega.
Obs.: caso o objeto direto não viesse
preposicionado, o sentido da oração ficaria ambíguo, pois não poderíamos
apontar com precisão o sujeito (o nosso colega).
Saiba que: Frequentemente,
verbos intransitivos, podem aparecer como verbos transitivos diretos.
Por Exemplo: A criança chorou lágrimas doídas pela perda
da mãe.
Objeto Direto |
Objeto Indireto
É o termo que completa o sentido de um
verbo transitivo indireto. Vem sempre regido de preposição clara ou subentendida.
Atuam como objeto indireto os pronomes: lhe, lhes, me te, se, nos, vos.
Exemplos: Não desobedeço
|
a meus pais.
|
|||
Objeto Indireto
|
||||
Enviei-lhe
|
um recado.
|
(Enviei a ele - a preposição a está
subentendida)
|
||
Objeto Indireto
|
||||
Obs.: muitas vezes o objeto
indireto inicia-se com crase (à, àquele, àquela, àquilo). Isso ocorre quando o
verbo exige a preposição "a", que acaba se contraindo com a palavra
seguinte.
Por Exemplo: Entregaram à mãe o
presente. (à = "a" preposição + "a" artigo definido)
Observações Gerais:
a)
Pode ocorrer ainda o (objeto direto ou indireto) pleonástico, que
consiste na retomada do objeto por um pronome pessoal, geralmente com a
intenção de colocá-lo em destaque.
Por Exemplo:
As mulheres,
eu as vi na cozinha. (Objeto Direto)
A todas vocês, eu já lhes forneci o pagamento mensal. (Objeto Indireto)
A todas vocês, eu já lhes forneci o pagamento mensal. (Objeto Indireto)
b) Os
pronomes oblíquos o, a, os, as (e as variantes lo, la, los, las, no,
na, nos, nas) são sempre objeto direto. Os pronomes lhe, lhes são sempre
objeto indireto.
Exemplos: Eu
a encontrei no quarto. (OD)
Vou avisá-lo.(OD)
Eu lhe pagarei um sorvete.(OI)
Vou avisá-lo.(OD)
Eu lhe pagarei um sorvete.(OI)
c) Os
pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou
indireto. Para determinar sua função sintática, podemos substituir esses
pronomes por um substantivo: se o uso da preposição for obrigatório, então se
trata de um objeto indireto; caso contrário, de objeto direto.
Por Exemplo: Roberto me viu na
escola.(OD)
Substituindo-se "me"
por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se: "Roberto viu o
amigo na escola." Veja que a preposição não foi usada. Portanto, "me"
é objeto direto.
Observe o próximo exemplo: João me
telefonou.(OI)
Substituindo-se
"me" por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se:
"João telefonou ao amigo". Complemento Nominal
É o termo que completa o
sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substantivos,
adjetivos ou advérbios, sempre através de preposição.
Exemplos:
Cecília tem orgulho
da filha.
substantivo complemento nominal
substantivo complemento nominal
Ricardo estava consciente
de tudo.
adjetivo complemento nominal
adjetivo complemento nominal
A professora agiu favoravelmente
aos alunos.
advérbio complemento nominal
advérbio complemento nominal
Saiba que: O complemento
nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por
um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste
apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes
(substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em -mente.
|
Agente da Passiva
É o termo da frase que
pratica a ação expressa pelo verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem
regido comumente da preposição "por" e eventualmente da
preposição "de".
Por Exemplo:
A
vencedora
foi escolhida
pelos
jurados.
Sujeito Verbo Agente da
Paciente Voz Passiva Passiva
Sujeito Verbo Agente da
Paciente Voz Passiva Passiva
Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o agente
da passiva recebe o nome de sujeito. Veja:
Os jurados
escolheram
a vencedora.
Sujeito
Verbo
Objeto Direto
Voz Ativa
Outros exemplos:
Joana
é amada
de muitos.
Sujeito Paciente
Agente da Passiva
Essa situação
já era conhecida de
todos.
Sujeito Paciente
Agente da Passiva
Observações:
a) O agente da passiva
pode ser expresso por substantivos ou pronomes.
Por Exemplo: O
solo foi umedecido pela chuva. (substantivo)
Este livro foi escrito por mim. (pronome)
Este livro foi escrito por mim. (pronome)
b) Embora o agente da
passiva seja considerado um termo integrante, pode muitas vezes ser omitido.
Por Exemplo: O
público não foi bem recebido. (pelos anfitriões)
o foi usada. Portanto,
"me" é objeto indireto.
3. TERMOS
ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
Sobre os Termos Acessórios
Existem termos que, apesar de
dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para a compreensão
do enunciado. Ao acrescentar informações novas, esses termos:
- caracterizam o ser;
- determinam os substantivos;
- exprimem circunstância.
São termos acessórios da oração: o adjunto
adverbial, o adjunto adnominal e o aposto.
Vamos observar o exemplo:
Anoiteceu.
No exemplo acima, temos uma oração de
predicado verbal formado por um verbo impessoal. Trata-se de uma oração sem
sujeito. O verbo anoiteceu é suficiente para transmitir a mensagem
enunciada. Poderíamos, no entanto, ampliar a gama de informações contidas nessa
frase:
Por Exemplo: Suavemente anoiteceu na cidade.
A ideia central continua contida no
verbo da oração. Temos, agora, duas noções acessórias, circunstanciais, ligadas
ao processo verbal: o modo como anoiteceu (suavemente) e o lugar onde
anoiteceu (na cidade). A esses termos acessórios que indicam
circunstâncias relativas ao processo verbal damos o nome de adjuntos
adverbiais.
Agora, observe o que ocorre ao
expandirmos um pouco mais a oração acima:
Por Exemplo: Suavemente anoiteceu na deserta cidade do planalto.
Surgiram termos que ser referem ao
substantivo cidade, caracterizando-o, delimitando-lhe o sentido. Trata-se de
termos acessórios que se ligam a um nome, determinando-lhe o sentido.
São chamados adjuntos adnominais.
Por último, analise a frase abaixo:
Fernando Pessoa era português.
Nessa oração, o sujeito é determinado e
simples: Fernando Pessoa. Há ainda um predicativo do sujeito (português)
relacionado ao sujeito pelo verbo de ligação (era). Trata-se, pois, de
uma oração com predicado nominal. Note que a frase é capaz de comunicar
eficientemente uma informação. Nada nos impede, no entanto, de enriquecer mais
um pouco o conteúdo informativo. Veja:
Fernando Pessoa, o criador de poetas, era português.
Agora, além do núcleo do sujeito (Fernando
Pessoa) há um termo que explica, que enfatiza esse núcleo: o criador de
poetas. Esse termo é chamado de aposto.
Adjunto Adverbial
É o termo da oração que indica uma circunstância
(dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.). O adjunto
adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um
adjetivo ou de um advérbio. Observe as frases abaixo:
Eles se respeitam muito.
Seu projeto é muito interessante.
O time jogou muito mal.
Nessas três orações, muito é adjunto
adverbial de intensidade. No primeiro caso, intensifica a forma verbal
respeitam, que é núcleo do predicado verbal. No segundo, intensifica o adjetivo
interessante, que é o núcleo do predicativo do sujeito. Na terceira oração,
muito intensifica o advérbio mal, que é o núcleo do adjunto
adverbial de modo.
Veja o exemplo abaixo: Amanhã voltarei
de bicicleta àquela velha praça.
Os termos em destaque estão indicando
as seguintes circunstâncias:
amanhã indica tempo; de bicicleta indica meio; àquela
velha praça indica lugar.
Sabendo que a classificação do
adjunto adverbial se relaciona com a circunstância por ele expressa, os termos
acima podem ser classificados, respectivamente em: adjunto adverbial de tempo,
adjunto adverbial de meio e adjunto adverbial de lugar.
O adjunto adverbial pode ser expresso
por:
1) Advérbio: O balão caiu longe.
2) Locução Adverbial: O balão caiu no mar.
3) Oração: Se o balão pegar fogo, avisem-me.
Observação: nem sempre é possível apontar com precisão a
circunstância expressa por um adjunto adverbial. Em alguns casos, as diferentes
possibilidades de interpretação dão origem a orações sugestivas.
Por Exemplo: Entreguei-me calorosamente
àquela causa.
É difícil precisar se calorosamente
é um adjunto adverbial de modo ou de intensidade. Na verdade, parece ser
uma fórmula de expressar ao mesmo tempo as duas circunstâncias. Por isso, é
fundamental levar em conta o contexto em que surgem os adjuntos
adverbiais.
Classificação do Adjunto Adverbial
Listamos abaixo algumas circunstâncias
que o adjunto adverbial pode exprimir. Não deixe de observar os exemplos.
Acréscimo
Por Exemplo: Além da tristeza, sentia profundo cansaço.
Afirmação
Por Exemplo: Sim, realmente irei partir. / Ele
irá com certeza.
Assunto
Por Exemplo: Falávamos sobre futebol. (ou de futebol, ou a
respeito de futebol).
Causa
Por Exemplo: Com o calor, o poço secou.
/ Não comentamos nada por
discrição.
Companhia
Companhia
Por Exemplo: Fui ao cinema com sua prima. / Com
quem você saiu? / Sempre contigo irei estar.
Concessão
Por Exemplo: Apesar do estado precário
do gramado, o jogo foi ótimo.
Condição
Por Exemplo: Sem minha autorização, você não irá.
/ Sem erros, não
há acertos.
Conformidade
Por Exemplo: Fez
tudo conforme o combinado. (ou segundo o combinado)
Dúvida
Por Exemplo: Porventura,
encontrariam a solução da crise? / Quiçá acertemos desta vez.
Fim, finalidade
Por Exemplo: Ela
vive para o amor. / Daniel estudou para o exame. / Trabalho
para o meu sustento.
Frequência
Frequência
Por Exemplo: Sempre
aparecia por lá. / Havia reuniões todos os dias.
Instrumento
Por Exemplo: Rodrigo
fez o corte com a faca. / O artista criava seus desenhos a lápis.
Intensidade
Por Exemplo: A
atleta corria bastante. / O remédio é muito caro.
Limite
Por Exemplo: A
menina andava correndo do quarto à sala.
Lugar
Por Exemplo: Nasci
em Porto Alegre. / Estou em casa. / Vive
nas montanhas.
"Há, em cada canto de minh’alma, um altar a um Deus diferente." (Álvaro de Campos)
"Há, em cada canto de minh’alma, um altar a um Deus diferente." (Álvaro de Campos)
Matéria
Por Exemplo: Compunha-se
de substâncias estranhas. / Era feito de aço.
Meio
Por Exemplo: Fui
de avião. / Viajei de trem. / Enriqueceram
mediante fraude.
Modo
Por Exemplo: Foram
recrutados a dedo. / Fiquem à vontade.
Negação
Negação
Por Exemplo: Não
há erros em seu trabalho. / Não aceitarei a proposta em
hipótese alguma.
Preço
Por Exemplo: As
casas estão sendo vendidas a preços muito altos.
Substituição ou troca
Por Exemplo: Abandonou
suas convicções por privilégios econômicos.
Tempo
Por Exemplo: O escritório permanece aberto das 8h às 18h.
Beto e Mara se casarão em junho.
Ontem à tarde encontrou um velho amigo.
Beto e Mara se casarão em junho.
Ontem à tarde encontrou um velho amigo.
Adjunto Adnominal
É o termo que determina, especifica
ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função
adjetiva na oração, a qual pode ser desempenhada por adjetivos, locuções
adjetivas, artigos, pronomes adjetivos e numerais adjetivos. Veja o exemplo a
seguir:
O
poeta inovador
|
enviou
|
dois
longos trabalhos
|
ao
seu amigo de infância.
|
Sujeito
|
Núcleo
do Predicado Verbal
|
Objeto
Direto
|
Objeto
Indireto
|
Na oração acima, os substantivos poeta,
trabalhos e amigo são núcleos, respectivamente, do sujeito
determinado simples, do objeto direto e do objeto indireto. Ao redor de cada um
desses substantivos agrupam-se os adjuntos adnominais:
o artigo" o" e o adjetivo
inovador referem-se a poeta;
o numeral dois e o adjetivo
longos referem-se ao substantivo trabalhos;
o artigo" o" (em ao),
o pronome adjetivo seu e a locução adjetiva de infância são adjuntos
adnominais de amigo.
Observe como os adjuntos adnominais se
prendem diretamente ao substantivo a que se referem, sem qualquer participação
do verbo. Isso é facilmente notável quando substituímos um substantivo por um
pronome: todos os adjuntos adnominais que estão ao redor do substantivo têm de
acompanhá-lo nessa substituição.
Por Exemplo: O notável poeta português deixou uma obra originalíssima.
Ao substituirmos poeta pelo
pronome ele, obteremos:
Ele deixou uma obra
originalíssima.
As palavras "o", notável e
português tiveram de acompanhar o substantivo poeta, por se tratar
de adjuntos adnominais. O mesmo aconteceria se substituíssemos o substantivo obra
pelo pronome a. Veja:
O notável poeta português deixou-a.
Saiba que: A percepção de que o adjunto adnominal é
sempre parte de um outro termo sintático que tem como núcleo um substantivo é
importante para diferenciá-lo do predicativo do objeto. O predicativo do
objeto é um termo que se liga ao objeto por intermédio de um verbo. Portanto,
se substituirmos o núcleo do objeto por um pronome, o predicativo permanecerá
na oração, pois é um termo que se refere ao objeto, mas não faz parte dele.
Observe: Sua atitude deixou os amigos
perplexos.
Nessa oração, perplexos é
predicativo do objeto direto (seus amigos). Se substituíssemos esse objeto
direto por um pronome pessoal, obteríamos:
Sua atitude deixou-os perplexos.
Note que perplexos se refere ao
objeto, mas não faz parte dele.
|
Distinção entre Adjunto Adnominal
e Complemento Nominal
É comum confundir o adjunto adnominal
na forma de locução adjetiva com complemento nominal. Para evitar que isso
ocorra, considere o seguinte:
a)
Somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os
complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios.
Assim, fica claro que o termo ligado por preposição a um adjetivo ou a um
advérbio só pode ser complemento nominal. Quando não houver preposição ligando
os termos, será um adjunto adnominal.
b)
O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se
relaciona a substantivos cujos significados transitam. Portanto, seu
valor é passivo, é sobre ele que recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre
valor ativo. Observe os exemplos:
Exemplo 1 : Camila
tem muito amor à mãe.
A expressão "à mãe"
classifica-se como complemento nominal, pois mãe é paciente de amar,
recebe a ação de amar.
Exemplo 2 : Vera
é um amor de mãe.
A expressão "de mãe"
classifica-se como adjunto adnominal, pois mãe é agente de amar, pratica
a ação de amar.
Aposto
Aposto é um termo que se junta a outro
de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem
separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.
Por Exemplo:
Ontem, Segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.
Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo a que se relaciona
porque poderia substituí-lo. Veja:
Segunda-feira passei o dia com dor de
cabeça.
Obs.: após a eliminação de ontem, o
substantivo Segunda-feira assume a função de adjunto adverbial de tempo.
Veja
outro exemplo: Aprecio
|
todos
os tipos de música:
|
MPB,
rock, blues, chorinho, samba, etc.
|
Objeto
Direto
|
Aposto
do Objeto Direto
|
Se retirarmos o objeto da oração, seu
aposto passa a exercer essa função:
Aprecio
|
MPB,
rock, blues, chorinho, samba, etc.
|
Objeto
Direto
|
Obs.: o termo a que o aposto se refere
pode desempenhar qualquer função sintática (inclusive a de aposto).
Por Exemplo: Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada.
Analisando a oração, temos:
pai de Marina = aposto do objeto direto
patrão.
menina levada = aposto de Marina.
Classificação do Aposto
De acordo com a relação que estabelece
com o termo a que se refere, o aposto pode ser classificado em:
a) Explicativo:
A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres
vivos entre si e com o meio em que vivem, adquiriu grande destaque no mundo
atual.
b)
Enumerativo:
A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho,
ação.
c)
Resumidor ou Recapitulativo:
Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo
isso está na base de um país melhor.
d) Comparativo:
Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se
por muito tempo na baía anoitecida.
e) Distributivo:
Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, aquele
na poesia e este na prosa.
f) Aposto de Oração:
Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.
Além desses, há o aposto
especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de
pontuação (vírgula ou dois-pontos). O aposto especificativo individualiza um
substantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente ou por meio de
uma preposição, sem que haja pausa na entonação da frase:
Por Exemplo:
O poeta Manuel Bandeira criou obra de expressão
simples e temática profunda.
A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
Atenção: Para não confundir o aposto
de especificação com adjunto adnominal, observe a seguinte frase:
A obra de Camões é símbolo da cultura portuguesa.
Nessa oração, o termo em destaque tem
a função de adjetivo: a obra camoniana. É, portanto, um adjunto
adnominal.
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Observações:
1) Os
apostos, em geral, detacam-se por pausas, indicadas na escrita, por vírgulas,
dois pontos ou travessões. Não havendo pausa, não haverá vírgulas.
Por Exemplo: Acabo de ler o romance A moreninha.
2)
Às vezes, o aposto pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a
saber, isto é, por exemplo, etc.
Por Exemplo: Alguns
alunos, a saber, Marcos, Rafael e Bianca não entraram na sala de aula
após o recreio.
3)
O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere.
Por Exemplo: Código universal, a música não tem fronteiras.
4) O
aposto que se refere ao objeto indireto, complemento nominal ou adjunto
adverbial pode aparecer precedido de preposição.
Por Exemplo: Estava deslumbrada com tudo: com a aprovação,
com o ingresso na universidade, com as felicitações.
Vocativo
Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo
da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo
que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.
Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os
exemplos:
Não fale tão alto, Rita!
Vocativo
Senhor presidente, queremos nossos direitos!
Vocativo
A vida, minha amada, é feita de escolhas.
Vocativo
Vocativo
Senhor presidente, queremos nossos direitos!
Vocativo
A vida, minha amada, é feita de escolhas.
Vocativo
Nessas orações, os termos destacados
são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a
palavra.
Obs.: o vocativo pode vir antecedido
por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.
Por Exemplo: Ó
Cristo, iluminai-me em minhas decisões.
Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!
Eh! Gente, temos que estudar mais.
Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!
Eh! Gente, temos que estudar mais.
Distinção entre Vocativo e
Aposto
- O vocativo não mantém
relação sintática com outro termo da oração.
Por Exemplo: Crianças, vamos entrar.
Vocativo
Vocativo
O aposto mantém relação
sintática com outro termo da oração.
Por Exemplo: A
vida de Moisés, grande profeta, foi filmada.
Sujeito Aposto
Sujeito Aposto
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