sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Classe de palavras invariáveis



PALAVRAS INVARIÁVEIS
Chamamos de invariáveis, as palavras que não sofrem flexão de gênero e número, ou variação em grau como os nomes, nem de pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.
São elas:  1) PREPOSIÇÃO 
                2) CONJUNÇÃO    
                3) INTERJEIÇÃO 
                4) ADVÉRBIO
1)    PREPOSIÇÃO
Preposição é a palavra que estabelece uma relação entre dois ou mais termos da oração. Essa relação é do tipo subordinativa, ou seja, entre os elementos ligados pela preposição não há sentido dissociado, separado, individualizado; ao contrário, o sentido da expressão é dependente da união de todos os elementos que a preposição vincula.
Exemplos:
  1. Os amigos de João estranharam o seu modo de vestir.
amigos de João / modo de vestir: elementos ligados por preposição
  1. Ela esperou com entusiasmo aquele breve passeio.
esperou com entusiasmo: elementos ligados por preposição
Esse tipo de relação é considerada uma conexão, em que os conectivos cumprem a função de ligar elementos. A preposição é um desses conectivos e se presta a ligar palavras entre si num processo de subordinação denominado regência.
Diz-se regência devido ao fato de que, na relação estabelecida pelas preposições, o primeiro elemento – chamado antecedente - é o termo que rege, que impõe um regime; o segundo elemento, por sua vez – chamado consequente – é o termo regido, aquele que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente.
Exemplos:
A hora das refeições é sagrada.
hora das refeições: elementos ligados por preposição
de + as = das: preposição
hora: termo antecedente = rege a construção "das refeições"
refeições: termo consequente = é regido pela construção "hora da"
Observamos em diversas situações as preposições se combinarem a outras palavras da língua (fenômeno da contração) e, assim, estabelecem uma relação de concordância em gênero e número com essas palavras às quais se ligam. Mesmo assim, não se trata de uma variação própria da preposição, mas sim da palavra com a qual ela se funde.
Por exemplo:     de + o = do  /  por + a = pela  /   em + um = num
As preposições podem introduzir:
a) Complementos Verbais:  Eu obedeço "aos meus pais".
b) Complementos Nominais: Continuo obediente "aos meus pais".
c) Locuções Adjetivas:  É uma pessoa "de valor".
d) Locuções Adverbiais: Tive de agir "com cautela".
e) Orações Reduzidas: "Ao chegar", comentou sobre o fato ocorrido. 
Classificação das Preposições
As palavras da Língua Portuguesa que atuam exclusivamente como preposição são chamadas preposições essenciais. São elas:
  a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás
Observações:
1) A preposição após, acidentalmente, pode ser advérbio, com a significação de atrás, depois.
Por exemplo:
Os noivos passaram, e os convidados os seguiram logo após.
2) Para, na fala popular, apresenta a forma sincopada pra.
Por exemplo:
Bianca, alcance aqueles livros pra mim.
3) Até pode ser palavra denotativa de inclusão.
Por exemplo:
Os ladrões roubaram-lhe até a roupa do corpo.
Há palavras de outras classes gramaticais que, em determinadas situações, podem atuar como preposições. São, por isso, chamadas preposições acidentais:
como (= na qualidade de), conforme (= de acordo com), segundo (= conforme), consoante (= conforme), durante, salvo, fora, mediante, tirante, exceto, senão, visto (=por).
Saiba que:
As preposições essenciais regem sempre a forma oblíqua tônica dos pronomes pessoais:
Por exemplo:
Não vá sem mim à escola.
As preposições acidentais, por sua vez, regem a forma reta desses mesmos pronomes:
Por exemplo:
Todos, exceto eu, preferem sorvete de chocolate.
Locução Prepositiva
É o conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra dessas locuções é sempre uma preposição.
Principais locuções prepositivas: a fim de, abaixo (acima) de, apesar de, ao invés de, em vez de, junto com (de, a), de encontro a, a respeito de, em fase de, antes de, depois de, graças a, a par de, através de...
Combinação e Contração da Preposição
Quando as preposições a, de, em e per unem-se a certas palavras, formando um só vocábulo, essa união pode ser por:
Combinação: ocorre quando a preposição, ao unir-se a outra palavra, mantém todos os seus fonemas.
Por exemplo: preposição a + artigo masculino o = ao
preposição a + artigo masculino os = aos
Contração: ocorre quando a preposição sofre modificações na sua estrutura fonológica ao unir-se a outra palavra. As preposições de e em, por exemplo, formam contrações com os artigos e com diversos pronomes. Observe alguns exemplos:
em + a = na   /   em + aquilo = naquilo   /   de + aquela = daquela   /   de + onde = donde
Obs.: as formas pelo, pela, pelos, pelas resultam da contração da antiga preposição per com os artigos definidos. Por exemplo:  per + o = pelo
Encontros Especiais
A contração da preposição a com os artigos ou pronomes demonstrativos a, as ou com o "a" inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo resulta numa fusão de vogais a que se chama de crase - que deve ser assinalada na escrita pelo uso do acento grave.
Exemplos: às - àquela - àquelas - àquele - àqueles – àquilo
  • Principais Relações estabelecidas pelas Preposições:   Destino ou direção - Olhe para frente!
  • Autoria - Esta música é de Roberto Carlos.             Lugar - Estou em casa.
  • Tempo -Eu viajei durante as férias.            Modo ou conformidade - Vamos escolher por sorteio.
  • Causa - Estou tremendo de frio                   Assunto - Não gosto de falar sobre política.
  • Fim ou finalidade - Eu vim para ficar       Instrumento - Paulo feriu- se com a faca.
  • Companhia - Hoje vou sair com meus amigos.   Meio - Voltarei a andar a cavalo.
  • Matéria - Devolva-me meu anel de prata.            Posse - Este é o carro de João.
  • Oposição - O Flamengo jogou contra Fluminense.   Conteúdo - Tomei um copo de (com) vinho.
  • Preço - Vendemos o filhote de nosso cachorro a (por) R$ 300, 00.
  • Origem - Você descende de família humilde.        Especialidade - João formou-se em Medicina.
Distinção entre Preposição, Pronome Pessoal Oblíquo e Artigo
Preposição: ao ligar dois termos, estabelecendo entre eles relação de dependência, o "a" permanece invariável, exercendo função de preposição. Por exemplo:  Fui a Brasília.
Pronome Pessoal Oblíquo: ao substituir um substantivo na frase.
Por exemplo: Eu levei Júlia a Brasília.  /   Eu a levei a Brasília.
Artigo: ao anteceder um substantivo, determinando-o. Por exemplo:  A professora foi a Brasília.

Preposições, leitura e produção de textos
A referência constante às preposições quando se estuda a Língua Portuguesa demonstra a importância que elas possuem na construção de frases e textos eficientes. As relações que as preposições estabelecem entre as partes do discurso são tão diversificadas quanto imprescindíveis; seja em textos narrativos, descritivos ou dissertativos, noções como tempo, lugar, causa, assunto, finalidade e outras costumam participar da construção da coerência textual e da obtenção dos efeitos de sentido discursivos.

2)    CONJUNÇÃO
Além da preposição, há outra palavra que, na frase, é usada como elemento de ligação: a conjunção.
Por exemplo:  A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amiguinhas.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: segurou a boneca, a menina mostrou, viu as amiguinhas
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
1ª oração: A menina segurou a boneca
2ª oração: e mostrou
3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do "e", e a terceira oração liga-se à segunda por meio do quando. As palavras "e" e quando ligam, portanto, orações.
Observe:  Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra "e" está ligando termos de uma mesma oração.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.
Morfossintaxe da Conjunção
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Classificação da Conjunção
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as conjunções podem ser classificadas em coordenativas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção depende da existência do outro.
Conjunções Coordenativas
São aquelas que ligam orações de sentido completo e independente ou termos da oração que têm a mesma função gramatical. Subdividem-se em:
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando ideia de adição. São elas: e, nem (= e não), não só... mas também, não só...como também, bem como, não só...mas ainda .
Por exemplo: A sua pesquisa é clara e objetiva.
Ela não só dirigiu a pesquisa como também escreveu o relatório.
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante.
Por exemplo: Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressando ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, ou...ou, ora, já...já, quer...quer, seja...seja, talvez...talvez.
Por exemplo: Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
4) Conclusivas: ligam à anterior uma oração que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim.
Por exemplo: Marta estava bem preparada para o teste, portanto não ficou nervosa.
5) Explicativas: ligam à anterior uma oração que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo) , porquanto.
Por exemplo: Não demore, que o filme já vai começar.
Saiba que:
a) As conjunções "e"," antes", "agora"," quando" são adversativas quando equivalem a "mas".
Por exemplo:
Carlos fala, e não faz.
O bom educador não proíbe, antes orienta.
Sou muito bom; agora, bobo não sou.
Foram mal na prova, quando poderiam ter ido muito bem.
b) "Senão" é conjunção adversativa quando equivale a "mas sim".
Por exemplo:  Conseguimos vencer não por protecionismo, senão por capacidade.
c) Das conjunções adversativas, "mas" deve ser empregada sempre no início da oração: as outras (porém, todavia, contudo, etc.) podem vir no início ou no meio.
Por exemplo:
Ninguém respondeu a pergunta, mas os alunos sabiam a resposta.
Ninguém respondeu a pergunta; os alunos, porém, sabiam a resposta.
d) A palavra "pois", quando é conjunção conclusiva, vem geralmente após um ou mais termos da oração a que pertence. Por exemplo: Você o provocou com essas palavras; não se queixe, pois, de seus ataques.
Quando é conjunção explicativa," pois" vem, geralmente, após um verbo no imperativo e sempre no início da oração a que pertence. Por exemplo:  Não tenha receio, pois eu a protegerei.
Conjunções Subordinativas
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas dependente da outra. A oração dependente, introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de oração subordinada.
Veja o exemplo:  O baile já tinha começado quando ela chegou.
O baile já tinha começado: oração principal
quando: conjunção subordinativa
ela chegou: oração subordinada
As conjunções subordinativas subdividem-se em integrantes e adverbiais:
1. Integrantes
Indicam que a oração subordinada por elas introduzida completa ou integra o sentido da principal. Introduzem orações que equivalem a substantivos. São elas: que, se.
Por exemplo:  Espero que você volte. (Espero sua volta.) / Não sei se ele voltará. (Não sei da sua volta.)
2. Adverbiais
Indicam que a oração subordinada por elas introduzida exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
Por exemplo: Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc.  Por exemplo:  Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Por exemplo:  Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
d) Conformativas: introduzem uma oração em que se exprime a conformidade de um fato com outro. São elas: conforme, como (=conforme), segundo, consoante, etc.
Por exemplo: O passeio ocorreu como havíamos planejado.
e) Finais: introduzem uma oração que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a principal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que, etc.
Por exemplo: Toque o sinal para que todos entrem no salão.
f) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência da principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que e as combinações quanto mais...(mais), quanto menos...(menos), quanto menos ...(mais), quanto menos...(menos), etc.
Por exemplo:  O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.
Obs.: são incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida que e na medida em que.
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração principal. São elas:quando, enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc.
Por exemplo:  A briga começou assim que saímos da festa.
h) Comparativas: introduzem uma oração que expressa ideia de comparação com referência à oração principal. São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)...como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que(combinado com menos ou mais), etc.
Por exemplo: O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que (tendo como antecedente na oração principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.
Por exemplo: Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exame.
Locução Conjuntiva
Recebem o nome de locução conjuntiva os conjuntos de palavras que atuam como conjunção. Essas locuções geralmente terminam em "que". Exemplos: visto que, desde que, ainda que, logo que, afim de que...
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no contexto. Assim, a conjunção que pode ser:
1. Aditiva ( = e)  Esfrega que esfrega, mas a mancha não sai.
2. Explicativa  Apressemo-nos, que chove.
3. Integrante   Diga-lhe que não irei.
4. Consecutiva   Onde estavas, que não te vi?
5. Comparativa   Ficou vermelho que nem brasa.
6. Concessiva     Beba, um pouco que seja.
7. Temporal    Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
8. Final    Vendo o amigo à janela, fez sinal que descesse.
9. Causal    "Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (V.Coaraci)
Conjunções, leitura e produção de textos
O bom relacionamento entre as conjunções de um texto garante a perfeita estruturação de suas frases e parágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteúdo. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se pode chamar de " a arquitetura textual", isto é, o conjunto das relações que garantem a coesão do enunciado. O sucesso desse conjunto de relações depende do conhecimento do valor relacional das conjunções, uma vez que estas interferem semanticamente no enunciado. Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às conjunções tanto na leitura como na produção de textos. Nos textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expressão de circunstâncias fundamentais à condução da história, como as noções de tempo, finalidade, causa e  consequência. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a linha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das exposições e argumentações construídas por meio de contrastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e concessivas.
3)    INTERJEIÇÃO
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga!
Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro lado, são uma espécie de "palavra-frase", ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
  1. Bravo! Bis!  sentença (sugestão): "Foi muito bom! Repitam!"
  2. Ai!  Machuquei meu pé...  ai: interjeição - sentença (sugestão): "Isso está doendo!" ou "Estou com dor!"
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um contexto específico.
Exemplos:
  1. Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
  1. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tristeza, dor, etc.
Por exemplo:
- Você faz o que no Brasil?
-Eu? Eu negocio com madeiras.
-Ah, deve ser muito interessante.
b) Sintetizar uma frase apelativa
Por exemplo: Cuidado! Saia da minha frente.
As interjeições podem ser formadas por:
a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora bolas!
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido.
Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Classificação das Interjeições
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Atenção!, Olha!, Alerta!
Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh!
Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, Ora!
Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Locução Interjetiva
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão com sentido de interjeição.
Por exemplo :
Ora bolas!     Quem me dera!       Virgem Maria!     Meu Deus!       Ó de casa!
Ai de mim!     Valha-me Deus!     Graças a Deus!       Alto lá!          Muito bem!
 Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, que exprimem ruídos e vozes.
Por exemplo:  Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Atenção: Não se deve confundir a interjeição de apelo "ó" com a sua homônima "oh!", que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do" oh!" exclamativo e não a fazemos depois do "ó" vocativo.        "Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!" (Olavo Bilac)
                        Oh! a jornada negra!" (Olavo Bilac)
Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo ou no superlativo.   Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
Interjeições, leitura e produção de textos
Usadas com muita frequência na língua falada informal, quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.








 4) ADVÉRBIO
 Definição: palavra invariável que modifica essencialmente o verbo, exprimindo uma circunstância.
ADVÉRBIO MODIFICANDO UM VERBO OU ADJETIVO
Ocorre quando o advérbio modifica um verbo ou um adjetivo acrescentando a eles uma circunstância. Por circunstância entende-se qualquer particularidade que determina um fato, ampliando a informação nele contida.
Ex.: Antônio construiu seu arraial popular ali.    /   Estradas tão ruins.
ADVÉRBIO MODIFICANDO OUTRO ADVÉRBIO
Ocorre quando o advérbio modifica outro advérbio, geralmente intensificando o significado.
Ex.: Grande parte da população adulta lê muito mal
ADVÉRBIO MODIFICANDO UMA ORAÇÃO INTEIRA
Ocorre quando o advérbio está modificando o grupo formado por todos os outros elementos da oração, indicando uma circunstância.
Ex.: Lamentavelmente o Brasil ainda tem 19 milhões de analfabetos.
É um conjunto de palavras que pode exercer a função de advérbio. Ex.: De modo algum irei lá.

TIPOS DE ADVERBIOS
DE MODO: Ex.:Sei muito BEM que ninguém deve passar atestado da virtude alheia.
Bem, mal, assim, adrede,
melhor, pior, depressa, acinte, debalde,devagar, ás pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em -mente:calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente,
DE INTENSIDADE: Ex.:Acho que, por hoje, você já ouviu BASTANTE.
Muito, demais, pouco, tão, menos, em excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,bem
DE TEMPO: Ex.: Leia e depois me diga QUANDO pode sair na gazeta.
Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando,
DE LUGAR: Ex.: A senhora sabe AONDE eu posso encontrar esse pai-de-santo?
Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distancia, à distancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
DE NEGAÇÃO :Ex.: DE MODO ALGUM irei lá
Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
DE DÚVIDA: Ex.: TALVEZ ela volte hoje
Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
DE AFIRMAÇÃO: Ex.: REALMENTE eles sumiram
Sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmente
DE ORDEM: Depois, primeiramente, ultimamente
Por se empregarem nas interrogações diretas e indiretas, alguns advérbios de causa, lugar, modo e tempo são chamados de  interrogativos: Ex.: E então?QUANDO é que embarca?
Outros exemplos: onde?(lugar), como?(modo), quando?(tempo), porque?(causa), quanto?(preço e intensidade), para que?(finalidade)

Palavras Denotativas
Há, na língua portuguesa, uma série de palavras que se assemelham a advérbios. A Nomenclatura Gramatical Brasileira não faz nenhuma classificação especial para essas palavras, por isso elas são chamadas simplesmente de palavras denotativas. Nomenclatura: PALAVRA DENOTADORA DE:
ADIÇÃO: Ex.: Comeu tudo e ainda queria mais             (Ainda, além disso)
AFASTAMENTO: Ex.: Foi embora daqui.                      (embora)
AFETIVIDADE: Ex.: Ainda bem que passei de ano        (Ainda bem, felizmente, infelizmente)
APROXIMAÇÃO: Lá por volta das três da tarde eu te procuro. (quase, bem, uns, cerca de, por volta de)
DESIGNAÇÃO: Ex.: Eis nosso novo carro                      (eis)
EXCLUSÃO: Ex.: Todos irão, menos ele.            (Apenas, salvo, menos, exceto, só, somente, sequer, senão)
EXPLICAÇÃO: Ex.: Viajaremos em julho, ou seja, nas férias.   (isto é, por exemplo, a saber, ou seja)
INCLUSÃO: Ex.: Até ele irá viajar.             (Até, inclusive, também, mesmo, ademais)
LIMITAÇÃO: Ex.: Apenas um me respondeu.   (só, somente, unicamente, apenas)
REALCE: Ex.: E você sabe essa questão?        (é que, cá, lá, não, mas, é porque, só, ainda, sobretudo.)
RETIFICAÇÃO: Ex.: Somos três, ou melhor, quatro     (aliás, isto é, ou melhor, ou antes)
SITUAÇÃO: Ex.: Afinal, quem perguntaria a ele?            (então, mas, se, agora, afinal)

Nenhum comentário:

Postar um comentário