sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Figuras de linguagem


REFORÇO DE PORTUGUêS - Profª. Karen Schiller
Exercícios de Figura de linguagem
1) Associe as frases abaixo à figura de linguagem utilizada.
Figuras de som:   A – aliteração      B- assonância       C- paronomásia      D – onomatopéia

Figuras de pensamento:  E – antítese      F – paradoxo              G – Ironia                  H – eufemismo     
                                             I – hipérbole    J – Prosopopéia          K – gradação            L – apóstrofe

Figuras de palavra:        M – comparação          N – metáfora               O – metonímia        
                                          P – catacrese           Q – antonomásia ou perífrase                        R – sinestesia
(      ) “Por uma única janela, entravam claridades cinzentas e surdas, sem sombras.”       
(      )  “A noite é como um olhar longo e claro de mulher.”  
(      )  “A folha de um livro retoma.”  
(      ) “Maria é alarmamente simpática. Principalmente graciosa. A própria pessoa da graça. Graciosíssima.”
(      ) “Adeus; vamos para frente, recuando de olhos acesos.”
(      )  “Redondos tomates de pele quase estalando.”   
(      )  “Lá fora a noite é um pulmão ofegante.”        
(      )  “Plunct, plact, zum, você não vai a lugar nenhum...”    
(      ) “Ela já não aparenta mais quinze anos de idade.”
(      ) “As árvores de nossa floresta pedem socorro.”
(      ) “A cidade maravilhosa recebeu mais de trinta mil turistas no feriado.”
(      ) “O que fiz de errado, ó Deus?”
(      )  “A lua a estrada solitária banha.”     
(      )  “Eu que passo, penso e peço.”     
(      )  “Não tinha teto em que se abrigasse.”    
(      )  “Os jardins têm vida e morte.”    
(      )  “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”    
(      )  “ O mar canta como um canário.”     
(      )  “ A tristeza rouca dos sapos substitui os violões calados.”
(      )  “Na tarde quente as folhas aplaudindo a brisa fresca.”
(      )  “Leão sabia de tudo e da vida de todos na cidade. Tivera várias profissões, conhecia meio mundo.”
(      )  “Sentia-me preso como um cachorro acorrentado, como um urubu atraído pela carniça.”
(      )  “Então, como fidalgos camponeses, aceitamos a mesa.”
(      )  “No céu claro a lua sorria um sorriso canalha.”
(      )  “Estou muda que nem uma lua.”
(      ) “Choveu gol no coletivo do campeão.”
(      )  “Dona Gertrudes abriu a guilhotina da boca e degolou o silêncio.”
(      )  “O bonde passa cheio de pernas: Pernas brancas, pretas, amarelas.”
(      )  “Minha mãe, por delicadeza, ouvia a enxurrada de maledicências que lhe saía da boca.”
(      )  “Infeliz de mim que fui me apaixonar por uma mulher sem piedade, sem coração, sem nada.”
(      )  “Falavam em Deus e só pensavam no diabo.”
(      )  “A saudade é o revés do parto.”
(     ) “Na guerra os meus dedos disparam mil mortes.”
(      )   “ Enquanto você ri, eu choro.”     
(      )  “ Li Machado de Assis na 8ª série.”           
(      )  “ Encontraram uma violeta ao pé da montanha.”
(      )  “Você é tão prestativa! Dorme o dia todo!     
(      )  “Ela chorava de felicidade!”         
(      )  “ Gertrudes para, reclama, anda e engana.”       
(      ) Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher desde os pés até a cabeça.”
(      ) “Deu um pontapé na cachorra, que se afastou humilhada e com sentimentos revolucionários.”
(      ) “É um perigo entrar na bodega. Estava com desejo de beber um quarteirão de cachaça.”
(      ) “Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.”
As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.
Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”
d) onomatopéia: ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som.
·  Toc , Toc  - Ha Ha Ha! - Atchim! -  Au! - Bang!Buáá! - Clap!Cof, Cof - Grrr! - Tic-tac!
Figuras de construção
a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)
c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”
d) Hipérbato ou inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase: suj – verbo – compl.
“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”
e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:
• De gênero:  Vossa Excelência está preocupado.
• De número:  Os Lusíadas glorificou nossa literatura.
• De pessoa:  “O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra, mas é mais utilizado para enfatizar um termo na frase.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.  /  Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”.
O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
Figuras de pensamento
a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”
b) paradoxo: É o encontro de idéias com sentidos opostos. São pensamentos que se contradizem formando um só núcleo de expressão, diferenciando-se desta forma da antítese.
"Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer..." (Camões)
c) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.  Versos de Chico Buarque:   "A Rosa garante que é sempre minha  /  Quietinha, saiu pra comprar cigarro    /   Que sarro, trouxe umas coisas do Norte /      Que sorte   /   Que sorte, voltou toda sorridente."
d) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.   Ex:  Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)  /  O aluno foi convidado a sair da escola. (expulso)   /   Paulo não foi feliz nos exames.  (foi reprovado) /  Pelo menos ele descansou, entregou a alma ao senhor.  (morreu)  /  Ao pé do leito derradeiro...  (túmulo)
e) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)  /   Eu já disse milhares de vezes pra você....
f) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.    /    O vento cochichava em seus ouvidos.
g) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax).  Ex:  “Um coração chagado de desejos    Latejando, batendo, restrugindo.”
h) apóstrofe: que consiste em interromper a narração para dirigir a palavra a pessoas ausentes ou ao leitor. Sintaticamente, a apóstrofe exerce a função de vocativo dentro de uma sentença. Veja alguns casos:
“Tende piedade de mim, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade”.     (Vinícius de Moraes)
 “Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal.”     (Fernando Pessoa)
No cotidiano, a apóstrofe é bastante utilizada. Ela está presente nas orações religiosas: “Pai nosso, que estás no céu…”; nos discursos políticos: “Povo de Juazeiro! É com grande alegria…”, e em situações diversas: “Minha Nossa Senhora, o que foi isso?!”; “Valha-me Deus, que eu não posso mais com esse menino”.
O escritor Machado de Assis emprega freqüentemente a apóstrofe em seus textos, com a finalidade de aproximar seus escritos da linguagem coloquial falada, permitindo um contato direto entre o escritor e o leitor. Veja um exemplo disso num trecho retirado de Dom Casmurro:
“No seminário… Ah! não vou contar o seminário, nem me bastaria a isso um capítulo”.
Figuras de palavras
a) Comparação
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
"Amou daquela vez como se fosse máquina. Beijou sua mulher como se fosse lógico."  (Chico Buarque)
"As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas..."   (Jorge Amado)
b) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
·  Buscava o coração do Brasil.
Ora, o Brasil não possui o órgão biológico em questão. Portanto, coração significa aí o centro vital, a essência, o âmago do país.
·  Achamos a chave do problema.
O problema não é nenhuma fechadura, mas para resolvê-lo (ou abri-lo) o elemento que se diz ter achado é tão necessário quanto uma chave para abrir uma porta.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”   /   Maria é uma flor.
O Sr. Vivaldo é esperto como uma raposa.  (comparação metafórica)
O Sr. Vivaldo é uma raposa.                         (metáfora)
c) metonímia ou sinédoque: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Antes de sair, tomamos um cálice1 de licor.                       1 O conteúdo de um cálice.
"E assim o operário ia com suor e com cimento2                       2 Com trabalho.
Comprei uma garrafa do legítimo porto 3.                          3 O vinho da cidade do Porto.
Ela parecia ler Jorge Amado4.                                            4 A obra de Jorge Amado.
Não devemos contar com o seu coração5.                          5 Sentimento, sensibilidade.
A coroa6 foi disputada pelos revolucionários.                    6O poder.
Ela leu Machado de Assis....  (a obra de...)               Não tinha um teto para se abrigar...            (casa)
d) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.   /   O céu da boca   /   O dente de alho    /   A manga da camisa....
e) antonomásia ou perífrase (circunlóquio, rodeio de palavras): consiste em substituir um nome próprio ou comum por uma expressão conhecida por todos. Podemos dizer que quando substituímos um nome comum, estamos usando a perífrase e quando substituímos um nome próprio, a antonomásia:
astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro) / o país do futebol (Brasil). Povo lusitano (portugueses)...
O Poeta dos Escravos - Castro Alves.  / O Herói de Tróia - Aquiles.  /  O Salvador, o Nazareno, o Redentor - Jesus Cristo./ O Berço dos Faraós - Egito. / O Pai da Medicina - Hipócrates. /  O rei do futebol - Pelé
Na linguagem popular, o apelido, a alcunha é uma forma de antonomásia.
f) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido (visão, audição, olfato, tato e paladar, e ainda o 6º sentido, a intuição, percepção, emoção)
"Sempre havia, ao amanhecer, uma cor estridente no horizonte"(cor = visão / estridente = audição)
·  "Era uma sonoridade aveludada como a superfície de uma flor" (sonoridade=audição / aveludada= tato)
·  "Ele costumava sentir um odor agridoce durante as manhãs" (odor = olfato / agridoce = paladar)
·  "Como era áspero o aroma daquela fruta exótica" (áspero = tato / aroma = olfato)
·  "A melodia do pianista era doce e rósea em suas sublimes imensidões"(melodia=audição/doce=paladar/rósea = visão)
·  "Ela foi acariciada pelo sabor cromático de uma fragrância musical" (Giuliano Fratin)
(acariciada = tato / sabor = paladar / cromático = visão / fragrância = olfato / musical = audição)
Na junção dos cinco sentidos, incluindo o qual é chamado de 'sexto sentido':
·  "Eternamente se encantou com o calor víride e azulado de um aroma que soava doce como o bem maior em que acreditava" (se encantou = emoção, intuição ou percepção / calor = tato / víride e azulado = visão / aroma = olfato / soava = audição / doce = paladar)
Vícios de linguagem
 O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.
a) barbarismo: É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis:
Pronúncia
a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico.
Por Exemplo: Solicitei à cliente suabrica. (rubrica)
b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.
Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas)
c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.
Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei)
O segurança deteu aquele homem. (deteve)
Morfologia: Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)    /     Sou a aluna mais maior da turma. (maior)
Semântica: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou)
Estrangeirismos : Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua.     O show é hoje! (espetáculo)  /   Vamos tomar um drink? (drinque)
b) Solecismo: É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis:
Concordância:  Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)
Regência:    Eu assisti o filme em casa. (ao)
Colocação:  Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé)
c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.  Ex:  "O professor falou com o aluno parado na sala"
Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é colocar "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado na sala".
d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.  (porcada)  / a boca dela... (cadela)  /  Essa fada   (safada)  /  Vou-me já  /  Havia dado   /  Uma mão   /   Ela tinha   /   Confisca gado ....
e) pleonasmo vicioso ou redundância:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse para dentro e subisse pra cima.
Fizeram-me uma surpresa inesperada.   /   Encontramos outra alternativa para esse problema.
f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.

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